Mercado Financeiro: o que é e como funciona?
Escrito por Carlos
Augusto/Portal Politize!
Você
certamente já ouviu falar sobre o Mercado Financeiro em noticiários de TV,
rádio ou jornais impressos, não é verdade? Mas afinal, você sabe realmente do
que se trata e qual a sua importância para a economia do país? Para te ajudar,
o Politize! explica tudo o que você precisa saber sobre o tema, de forma clara
e didática.
O que é o Mercado Financeiro e por que ele existe?
Podemos
entender o Mercado Financeiro como um ambiente em que ativos financeiros são
comprados ou vendidos por pessoas físicas ou instituições públicas e privadas.
Como exemplo, podemos citar a emissão de títulos, compra de ações, mercadorias,
assim como a negociação de moedas estrangeiras, empréstimos bancários, dentre
tantas outras operações que veremos adiante.
Esse
mercado também desempenha um importante papel na economia do país. Ele
possibilita a transferência de recursos de pessoas superavitárias (aquelas que
têm recursos em excesso) para pessoas deficitárias (que precisam de dinheiro).
Além disso, esses fluxos de capitais, operados no mercado financeiro, também
permitem o desenvolvimento das empresas e das regiões em que estão localizadas.
A
utilização do crédito é uma das principais operações financeiras utilizadas no
Brasil, para financiamento de habitação, máquinas, equipamentos, educação,
dentre outras utilidades. Só em 2018, o uso de cartões cresceu 14,5% e o número
de compra chegou a R$ 1,55 trilhão de reais, segundo dados divulgados pela
Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços).
Como o Mercado Financeiro funciona?
Basicamente,
ele funciona de modo a possibilitar o contato entre investidores, tomadores de
recursos e até mesmo entre corretoras ou instituições de fiscalização. Essas
últimas, em grande parte, trabalham no sentido de padronizar e normatizar as
operações que são executadas dentro do mercado. Também é importante destacar
que o Mercado Financeiro possui quatro subdivisões, sobre as quais abordaremos
mais abaixo.
Sendo
assim, a lógica de funcionamento desse mercado se baseia na seguinte regra:
aquela pessoa que possui dinheiro sobrando empresta à outra pessoa que
necessita de capital, podendo também se tratar de empresas ou até mesmo de
instituições públicas. Dentre algumas operações, as mais conhecidas são os
empréstimos bancários, negociação de moedas estrangeiras, transações de crédito
de curto ou médio prazo, compra de ações nas bolsas de valores ou de títulos
públicos.
Quais são as principais instituições do Mercado Financeiro?
É claro
que, se existem negociações entre diferentes pessoas, empresas e instituições,
torna-se igualmente necessária a presença de órgãos fiscalizadores.
Conselho Monetário Nacional (CMN)
O
primeiro deles trata-se do Conselho Monetário Nacional (CMN), descrito como o
órgão superior do Sistema Financeiro Nacional pelo Ministério da Economia, e
que tem como função formular a política de moeda e do crédito, com o objetivo
de estabilizar a moeda e possibilitar o desenvolvimento econômico e social do
país.
Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) e o Conselho Nacional de
Previdência Complementar (CNPC)
Também
existem outros dois conselhos importantes para o setor financeiro nacional.
Trata-se do Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) e do Conselho Nacional
de Previdência Complementar, o CNPC. Enquanto o primeiro visa fixar as
diretrizes e normas da política de seguro privado e demais atividades ligadas
ao órgão, o segundo tem como responsabilidade regular os fundos de pensão.
Banco Central (BC) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM)
Além
dessas três instituições já citadas, existem também o Banco Central (BC), a Comissão
de Valores Mobiliários (CVM) e demais órgãos que são de extrema importância
para o Mercado Financeiro. O BC é considerado a autarquia do Sistema Financeiro
Nacional. Por ele, passam a quantia de dinheiro em circulação na economia, as
tarifas bancárias e tudo que está atrelado às operações monetárias. O Banco
Central também possui dados de mercado, realiza a cotação diária do dólar e de
taxas de juros bancários e de instituições financeiras. O Politize! já tratou
do assunto nesse post!
Sempre é
possível escutar fatos relacionados ao Banco Central nos noticiários. Isso
acontece porque trata-se da principal instituição financeira do país, criada em
1964, no início do regime militar. Tamanha é a sua importância que qualquer
instituição financeira depende das autorizações do BC para funcionamento e está
sempre subordinada às suas fiscalizações.
O BC
ainda é possuidor de uma reserva cambial do país, tanto em ouro como em
dólares, além de ser um depositário do Tesouro Nacional, realizando o
monitoramento do sistema financeiro brasileiro, emitindo papel moeda e moeda
metálica, assim como definindo o controle de moeda nacional e estrangeira no
país.
Já a CVM
é uma das autarquias do mercado financeiro que trata exclusivamente de assuntos
relacionados ao mercado de valores mobiliários. Suas atividades estão
relacionadas a empresas, aos intermediários financeiros, à fiscalização
externa, à normatização contábil e auditoria, assim como aos investidores, aos
assuntos jurídicos, ao desenvolvimento de mercado, à informática, a questões
internacionais e à administração.
A sede da
CVM localiza-se no Rio de Janeiro e tem em sua administração um Presidente e
quatro diretores que são nomeados pelo Presidente da República.
As subdivisões do Mercado Financeiro (Mercado de capitais, Mercado de
crédito, Mercado de câmbio e Mercado monetário)
Mercado de Capitais
A
primeira subdivisão trata-se do Mercado de Capitais, espaço em que valores
mobiliários são negociados. É o mercado mais próximo aos investidores e, em
grande parte, funciona como uma oportunidade de captar recursos. Nele são
negociados títulos, ações e derivados em bolsas de valores, sociedades
corretoras e demais instituições financeiras.
A CVM,
Comissão de Valores Mobiliários, é o principal órgão fiscalizador do Mercado de
Capitais. Nele podemos encontrar as Bolsas de Valores, ambientes em que todos
os valores mobiliários são negociados. Também existe a presença de corretoras,
cuja função é intermediar a compra e venda de títulos aos clientes. Por sua
vez, o sistema Clearing House, mais conhecido como Câmara de Compensação,
também busca possibilitar a relação comprador e vendedor no mercado financeiro,
regulamentando a compra ou venda de valores.
Mercado de Crédito
É no
Mercado de Crédito que são realizadas as operações de créditos, os
financiamentos e tomadas de recursos para capital de giro ou até mesmo consumo.
O Banco Central é a principal instituição que regulamenta esse mercado, ditando
os juros básicos da economia, por meio da sua Política Monetária.
O Mercado
de Crédito trata-se do segmento mais presente na vida do consumidor. A partir
dele que são possibilitados os créditos à pessoa física, como, por exemplo, os
créditos consignados, cheque especial, cartões de crédito, leasing, dentre
outros. A pessoa jurídica também faz parte dele, na contratação de um
empréstimo para capital de giro, financiamento de máquinas, equipamentos ou no
financiamento de projetos.
Mercado de Câmbio
O Mercado
de Câmbio é muito presente na vida de quem viaja internacionalmente. Ao viajar,
por exemplo, para os Estados Unidos, é necessário que convertamos o real em
dólar e essa é apenas uma das tarefas desempenhadas pelo mercado cambial. Isto
é, além da troca de moedas estrangeiras, o Mercado de Câmbio também possibilita
o recebimento de pagamentos e transferências no exterior, a partir de cartões
de créditos internacionais, por exemplo.
Mercado Monetário
A função
do Mercado Monetário está em regular a quantidade de dinheiro em circulação.
Nele se realizam financiamentos de curto ou curtíssimo prazo, além de
negociações com títulos do Tesouro, papéis comerciais e certificado de
depósito.
Lembre-se
de que a liquidez é uma das características que distinguem o Mercado Monetário
do Mercado de Capitais. Esse último possui médio ou longo prazo em suas
negociações. Já o monetário, como foi mencionado no parágrafo acima, tem como
objetivo negócios de prazo bem curto.
Quais os principais tipos de investimentos?
Basicamente,
existem dois tipos de investimentos possíveis dentro do Mercado Financeiro: a
renda fixa e a renda variável.
Os
investimentos de renda fixa funcionam a partir de uma base de projeção. Isso
quer dizer que, antes da aplicação, é possível fazer um cálculo do retorno
financeiro possibilitado pelo investimento. Trata-se então de rendimentos
prefixados, com juros anuais, pós fixados, CDI, IPCA, dentre outras formas de
cálculo.
A
poupança, o CDB (Certificado de Depósito Bancário), o LCI (Letras de Crédito
Imobiliário), o LCA (Letras de Crédito do Agronegócio), debêntures e o Tesouro
Direito são alguns dos principais sistemas que têm como base investimentos de
renda fixa.
Se por um
lado a renda fixa nos possibilita, na maior parte das vezes, retornos mais
elevados, também existe outro tipo de investimento que apresenta mais riscos.
Trata-se da Renda Variável. Ao contrário da fixa, nela não podemos ter uma
estimativa precisa de quanto será o nosso retorno financeiro, podendo às vezes
ser muito elevado ou não. Tudo dependerá exclusivamente de inúmeros fatores
existentes nas operações, no mercado financeiro em si, na política do país,
dentre tantas outras questões.
O
investimento em ações, as ações e derivados na bolsa de valores, os fundos de
investimentos de ações e multimercado são algumas das operações que fazem uso
da renda variável. É importante lembrar novamente que esse tipo de investimento
apresenta uma maior volatilidade em relação à renda fixa.
E quais os principais agentes do Mercado Financeiro?
Além do
Banco Central, do Conselho Monetário Nacional (CMN), da Comissão de Valores
Mobiliários (CVM), e das Bolsas de Valores, que já mencionamos ao longo do
texto, o Mercado Financeiro apresenta outros agentes que contribuem para o seu
funcionamento.
A ANBIMA
(Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) é
um dos agentes presentes no Mercado Financeiro. A entidade privada representa
os operadores do mercado, atuando também na sua autorregulação e na
administração de eventuais conflitos.
Existem
também as Instituições Financeiras, que nada mais são do que empresas que atuam
no mercado financeiro, a partir da autorização do Banco Central. Como exemplo,
temos os bancos, as custodiantes, as corretoras, cooperativas de crédito, as
sociedades de investimento, dentre muitas outras.
Já os
Emissores de Títulos são os agentes que emitem títulos de investimento no
mercado. Como exemplo, existem os títulos públicos emitidos pelo Governo
Federal, através do Tesouro Direto, criado em 2002 pelo Tesouro Nacional,
BM&F e BOVESPA. Esses títulos públicos federais operam como empréstimos. Ao
aplicar seu dinheiro, o Tesouro Nacional devolve seu investimento, depois de um
período de tempo, com o acréscimo de juros.
Por
último, temos os Fundos de Investimento.
Esse agente representa um papel coletivo. Trata-se de uma sociedade de
investidores que juntos buscam uma determinada rentabilidade. Desse modo,
investem nesse fundo, enquanto outros agentes administram todo o capital para
que ele cresça e chegue à rentabilidade desejada.
O Mercado
Financeiro é realmente interessante, não acha? Ele está inserido no nosso dia a
dia, por mais que não sejamos investidores ávidos ou amantes de economia.
Na compra
de determinado produto pelo cartão de crédito, estamos contribuindo para o
funcionamento do mercado de crédito. No investimento em ações na bolsa de
valores, nos projetamos no mercado de capitais. Já ao converter nossa moeda
nacional para outra estrangeira, estamos fazendo parte do mercado de câmbio. E
ao negociar títulos do Tesouro, nos vemos no mercado monetário. Tudo isso diz
sobre um assunto em comum: o Mercado Financeiro.
0 Comentários