Atentados do 11 de setembro: o que aconteceu?
Escrito por Rafaela
Ponchirolli /Portal Politize!
O
atentado do dia 11 de setembro de 2001 foi o maior ataque militar sofrido pelos
Estados Unidos desde a Segunda Guerra Mundial. Quais foram suas motivações? E
suas consequências? Para conseguir responder estas perguntas, é necessário
entender o contexto histórico da época.
Cenário mundial: como estávamos em 2001?
Os
Estados Unidos sempre visaram o controle da Península Arábica e de seu
petróleo, garantindo que esta fonte de energia não caísse nas mãos de um único
poder regional. Por isso, os EUA estimularam a rivalidade entre Irã e Iraque –
dois países grandes que possuíam potencial para dominar a região – com o
objetivo de neutralizar os poderes individuais, ou seja, assim ninguém sairia
vencedor.
Esta
estratégia norte-americana precedeu a Revolução Iraniana em 1979, revolta que
acabou com a monarquia autocrática no Irã, cujos líderes eram chamados de xás.
Ao mesmo
tempo, no Iraque, Saddam Hussein assumiu o poder do governo iraquiano e foi
responsável por atacar islamitas e grupos xiitas do Irã, iniciando uma longa
guerra.
A Guerra
Irã-Iraque sofreu constantes interferências dos EUA, que garantiram que o
conflito durasse mais do que o esperado e nenhuma nação colapsasse ou
conquistasse o controle da região.
Este era
o cenário, nos países ao lado, quando Osama Bin Laden, fundador da organização
terrorista Al-Qaeda (que tem a sua origem no Afeganistação), planejou o ataque
às torres.
A meta de
Osama era recriar o califado, uma forma islâmica monárquica de governo. Porém,
para isso, era preciso que muitos países da região compartilhassem dos mesmos
ideais. Algo que não acontecia, principalmente pela influência norte-americana.
Além
disso, os governos muçulmanos se consideravam vulneráveis. Por isso, ao
planejar o ataque de 11 de setembro, Bin Laden queria expor a existência de uma
vulnerabilidade norte-americana e fazer com que o sentimento dos países
muçulmanos fosse modificado.
Como foram os ataques?
O World
Trade Center reunia sete edifícios, entre eles estavam as Torres Gêmeas – de
110 andares e 417 metros de altura. Oficialmente, seus nomes eram “World Trade
Center One” e “World Trade Center Two”, e elas eram os edifícios mais altos de
Nova York.
O voo 11
da American Airlines, um Boeing 767 com noventa e duas pessoas a bordo, decolou
da cidade de Boston com destino a Los Angeles. Entretanto, depois de 45 minutos
de voo, exatamente às 08:46, a aeronave atingiu a torre norte do World Trade
Center, entre os andares 93 e 99.
O segundo
avião, Voo 175, da United Airlines, também tinha destino a Los Angeles e
atingiu a torre sul às 9:03. Por ter sido atingida no meio, esta levou menos
tempo para desmoronar – às 9:59 o edifício já estava no chão, enquanto a torre
norte desabou às 10:28.
Com o
impacto dos aviões e o incêndio provocado pela grande quantidade de
combustível, os prédios começaram a arder em chamas. Assim, toda estrutura que
era sustentada por aço e ferro derreteu, causando seu desabamento.
O
atentado deixou cerca de 3.000 mortos e aproximadamente 6.000 feridos.
Mais dois alvos
O foco da
Al-Qaeda não era apenas atacar um dos maiores centros comerciais de Nova York,
mas causar pânico e medo em todo o país. Por isso, mais dois aviões foram
enviados com destinos diferentes.
O terceiro
avião era o Voo 77, da American Airlines. Apesar de seu destino também ser Los
Angeles, o avião levantou voo em Dulles, na Virgínia. Este avião atingiu o
Pentágono – sede do Departamento de Defesa dos Estados Unidos – às 09:37.
Já o
quarto avião, Voo 93 da United Airlines, tinha como alvo o Capitólio – casa do
Poder Legislativo americano. Devido atrasos na decolagem, informações sobre o
ataque das torres chegaram à tripulação e aos passageiros, que tentaram impedir
que os terroristas assumissem o controle da aeronave.
Impedidos
de completar a ação, os terroristas optaram por derrubar o avião durante o
trajeto, que caiu em um campo na Pensilvânia, causando a morte de todos que
estavam a bordo.
Consequências e impacto internacional
O
atentado de 11 de setembro motivou os Estados Unidos, cujo presidente na época
era George W. Bush, a declarar uma Guerra ao Terror: estratégia de combate ao
terrorismo cujos principais desfechos foram a invasão do Iraque e do
Afeganistão. Leis antiterroristas também foram endurecidas, e com isso, surgiu
a Lei Patriótica.
Entre
outros impactos internacionais, é possível citar um baque econômico gigantesco,
que causou o fechamento da Bolsa de Nova York, o que não acontecia desde a
Segunda Guerra Mundial.
Novas
medidas de segurança também foram instauradas nos aeroportos, por exemplo a
restrição em levar líquidos e uma rigorosa inspeção antes de embarcar. Assim
como a nova regra que exige que os pilotos fiquem isolados nas cabines e só
possam ser contatados através de um interfone.
Vamos entender melhor!
Guerra ao terror e o Ato Patriota
Marcelo
Côrtes Neri, Presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea),
afirma no livro “Do 11 de setembro de 2001 à Guerra ao Terror” que:
A visão
do terrorismo contemporâneo enquanto ameaça externa foi fundamentalmente
modificada pelo 11 de Setembro: evidencia-se mais assustadora ainda por ter
sido executada por indivíduos que viviam nos Estados Unidos. A reação do
presidente George W. Bush de declarar guerra ao terror foi alvo de críticas (…)
Dado que a al-Qaeda não constitui um Estado, declarar guerra a esta
organização, assim como ao terrorismo, foi considerado inapropriado. Ademais, a
natureza não estatal da al-Qaeda mina possibilidades de retaliação, punição e,
portanto, dissuasão nos moldes tradicionais, sobretudo em se tratando de ataques
suicidas. Neste contexto, não é exagero afirmar que o 11 de Setembro
transformou o significado do terrorismo internacional.
Não há
uma definição consensual, entre os estudiosos, ou mesmo amplamente aceita do
terrorismo. Geralmente, considera-se o seu caráter não estatal e o fato de este
buscar, por meio de atos violentos, aterrorizar a população civil, com
objetivos de cunho político, ideológico e/ou religioso.
Portanto,
a Guerra ao Terror não estava direcionada a um país específico, mas visava
combater organizações terroristas pelo mundo, os denominados como “eixo do
mal”.
Esforços
nos campos político-diplomático, econômico e militar foram feitos em busca do
combate ao terrorismo. Entre as primeiras ações do presidente Bush, é possível
citar a invasão e ocupação do Afeganistão, com o objetivo de caçar Osama Bin
Laden, e do Iraque, com a justificativa de que o país possuía armas biológicas
de destruição em massa.
Instalou-se
uma promessa de agressão militar aos países definidos como pertencentes ao
“eixo do mal”. Tudo isso com ampla colaboração das classes dominantes na Europa
e de outras partes do mundo, em uma poderosa coalizão do “eixo do bem” contra o
“eixo do mal”: a defesa da “civilização ocidental”.
Já em seu
plano interno, o governo americano criou instrumentos legais para promover a
espionagem doméstica e a anulação de algumas garantias constitucionais.
O Patriot
Act (Ato Patriota ou Lei Patriótica) permitia ao governo obter qualquer
informação sobre qualquer pessoa, como também adotar medidas de vigilância e
espionagem, como interceptar ligações telefônicas, e-mails de organizações e
pessoas supostamente envolvidas com o terrorismo. Nesse sentido, permitia a
atuação do governo sem autorização judicial, sob a alegação de ‘guerra contra o
terrorismo’.
Com o
governo de Barack Obama, várias provisões desta lei expiraram e outras foram
mantidas.
Algumas curiosidades sobre o atentado
No total,
20 terroristas participariam do atentado, distribuídos em 5 para cada aeronave.
Entretanto, o quarto avião, aquele que atrasou, estava com um integrante a
menos: o único sobrevivente, que foi capturado e está preso até hoje.
A limpeza
da região só acabou em maio de 2002, oito meses após os ataques.
Quando o
avião destinado ao Pentágono acertou o alvo, todas as pessoas que trabalhavam
no setor atingido pelo avião foram mortas, com exceção de uma única, que estava
viajando a trabalho. No entanto, essa pessoa também acabou morrendo, pois,
coincidentemente, estava em um dos aviões sequestrados que colidiram nas
Torres.
Em 1987,
o então presidente dos EUA, Ronald Reagan, declarou a data 11 de setembro como
o Dia do Número de Emergência, com o intuito de chamar atenção para o número
911, usando para situações emergenciais no País.
No décimo
aniversário dos ataques, no dia 21 de maio de 2011, foi aberto ao público o
Museu e Memorial Nacional do 11 de setembro. O espaço fica exatamente no lugar
onde as Torres Gêmeas ficavam e 2.241 árvores rodeiam os monumentos, onde estão
gravados em bronze o nome das vítimas que morreram naquele dia.
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