Assembleia Nacional quer evitar mais um
mandato de Maduro na Venezuela
Após ser eleito presidente da Assembleia Nacional da
Venezuela, o deputado Juan Guaidó, do Partido Vontade Popular, disse hoje (5)
que o Parlamento vai atuar para impedir mais um mandato do presidente Nicolás
Maduro, cuja posse está marcada para a próxima quinta-feira (10). "Que
ninguém duvide que faremos tudo o que temos a fazer para cumprir o nosso dever:
lutar contra a usurpação, defender e representar o Estado e preparar as bases
para a reconstrução do país", afirmou.
Segundo
Guaidó, o roteiro para "restabelecer a ordem constitucional" no país
passa por três etapas: "cessação da usurpação, governo de transição e
eleições livres para responder imediatamente à crise". "O povo da
Venezuela e a comunidade internacional podem ter certeza de que, como
presidente da Assembleia Nacional, assumiremos a responsabilidade de tomar
todas as decisões necessárias para facilitar a transição", disse.
Para o
deputado, desde que chegou ao poder, substituindo Hugo Chávez, morto em 2013,
Maduro "desmantelou o estado de direito", ignorando a Assembleia
Nacional, dominada pela oposição, e nomeando os membros do Tribunal Supremo de
Justiça e da Assembleia Nacional Constituinte. "[Maduro] negou aos
venezuelanos o direito de escolher seu destino, violando completamente os
direitos humanos dos cidadãos", afirmou.
Grupo de Lima
De acordo
com Guaidó, o papel do Parlamento é "restabelecer a ordem constitucional,
legislar para devolver o dinheiro saqueado e autorizar a ajuda humanitária para
mitigar a crise" no país. "Esta ditadura destruiu a capacidade
produtiva do país e criou uma cúpula corrupta, que se beneficia do sofrimento
de todos os venezuelanos", afirmou.
Conforme
o deputado, a Assembleia Nacional dará apoio jurídico e institucional à
comunidade internacional para defender a população e a Constituição
venezuelanas. "Este regime puniu a pobreza e empurrou para trás os mais
necessitados, em uma luta absurda para sobreviver, mas a liberdade está em
nosso sangue e mais presente do que nunca na busca por uma Venezuela
melhor", disse.
Criado
para buscar uma saída à crise venezuelana, o Grupo de Lima, formado pelo Brasil
e mais 13 países, defendeu que Maduro não assuma no próximo dia 10 e transfira
o poder ao Parlamento. O Grupo de Lima avaliou que não há legitimidade no
processo de reeleição de Maduro, mas condenou qualquer possibilidade de
intervenção no país vizinho.
Governo venezuelano
Em
resposta à Declaração de Lima, o ministro das Relações Exteriores da Venezuela,
Jorge Arreaza, disse em pronunciamento, ontem (4) à noite, que Maduro tomará
posse na próxima quinta-feira, "legítima e constitucionalmente", para
exercer o mandato de 2019 a 2025. "Para isso, não precisa da aprovação de
nenhum governo estrangeiro", afirmou.
O chanceler
disse que o governo venezuelano recebeu com "perplexidade a extravagante
declaração de um grupo de países americanos que acordaram dar um golpe de
estado na Venezuela". "Desconhecem o governo democraticamente eleito
e as instituições legitimamente constituídas", declarou.
Arreaza
lembrou que Maduro foi eleito em maio do ano passado, com 67% dos votos
válidos, em um pleito com observadores internacionais e submetido a auditorias
externas. Disse ainda que a Venezuela responderá a todos os países que apoiaram
a Declaração de Lima: "Nenhum país vai intimidar o povo venezuelano".
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