Ministros do G20
alertam para riscos de tensões comerciais e políticas
Os ministros da Fazenda e os presidentes
do Banco Central do G20 (que reúne as 19 maiores economias do mundo e a União
Europeia) manifestaram hoje (22) a preocupação com o aumento os “riscos de
curto e médio prazo” ao crescimento da economia global – entre eles, as
“crescentes vulnerabilidades financeiras e o aumento das tensões comerciais e
geopolíticas”.
Em documento divulgado após dois dias de
reuniões na capital argentina, Buenos Aires, os governos reconhecem a
“necessidade de intensificar o diálogo e as ações” para fortalecer a confiança,
em meio a uma guerra de tarifas entre as grandes potências.
O documento alerta que, apesar de as
economias emergentes estarem “mais bem adaptadas” para enfrentarem um contexto
internacional mais adverso, “ainda enfrentam desafios como a volatilidade dos
mercados e a reversão dos fluxos de capital”. A Argentina, país que exerce a
presidência do G20 este ano e que sediou o encontro, teve que recorrer a ajuda
do Fundo Monetário Internacional (FMI) pela primeira vez em 13 anos, para fazer
frente a uma crise cambial que levou à disparada do dólar e ao aumento da
inflação.
O ministro da Fazenda brasileiro, Eduardo
Guardia, disse que a “situação externa” brasileira é robusta, mas disse que
quase todas as economias emergentes, inclusive o Brasil, sofreram a desvalorização
de suas moedas. Diante da impossibilidade de intervir numa guerra comercial
entre potências como Estados Unidos, China e União Europeia, a saída para o
Brasil, segundo Guardia, é avançar nas reformas fiscais que permitam ao país
fazer frente a um cenário possivelmente mais adverso.
Guerra
comercial
Esse foi o terceiro encontro dos
responsáveis pelas áreas econômica e financeira do G20, durante a presidência
argentina do grupo, que termina no fim do ano. Mas foi a primeira reunião desde
que os Estados Unidos passaram a aplicar tarifas às importações da China e de
outros países. O governo norte-americano aplicou uma taxa de 25% a produtos
chineses no valor de US$ 34 bilhões. A China retaliou em igual medida, e os EUA
prometeram taxar em 10% uma lista adicional de mercadorias chinesas no total de
US$ 200 bilhões.
O presidente dos Estados Unidos, Donald
Trump, também comprou uma briga com aliados da União Europeia (UE) ao aplicar
tarifas de 25% sobre aço e 10% sobre alumínio. Os europeus retrucaram, com
tarifas as exportações norte-americanas de motocicletas Harley-Davidson e de
uísque. Os Estados Unidos agora ameaçam cobrar um imposto de 25% sobre a
importação de automóveis, que prejudicaria o Japão, além da UE.
No comunicado, os países reafirmaram o
compromisso de não promoverem políticas cambiais (desvalorizar as próprias
moedas) com o propósito de tornar suas exportações mais competitivas. Essa tem
sido uma das queixas dos Estados Unidos em relação à desvalorização do yuan
chinês.
O documento, aprovado por consenso, não
faz referência de forma direta à guerra comercial. Apesar de insistir na
necessidade de diálogo para reestabelecer a confiança nas regras do comércio e
das finanças internacionais, não houve um encontro bilateral entre as
autoridades norte-americanas e chinesas.
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