PIB: agropecuária e indústria
recuam; serviço avança no 2° trimestre
Em relação ao 2° trimestre de
2020, houve avanço de 12,4%
Publicado em 01/09/2021 - 12:28 Por Akemi
Nitahara – Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro
O fraco desempenho da economia brasileira
no segundo trimestre de 2021, que ficou praticamente estável com variação
negativa de 0,1%, foi puxado pelo resultado da agropecuária, que caiu 2,8%, e
da indústria, que recuou 0,2%.
Pelo lado positivo, os serviços avançaram
0,7% no período, em comparação com o trimestre anterior. Os dados são do
Sistema de Contas Nacionais Trimestrais, divulgados hoje (1º) pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Agricultura
Segundo a coordenadora de Contas Nacionais
do IBGE, Rebeca Palis, a safra do café foi prejudicada pela banalidade negativa
e a do milho, pela estiagem.
“Agropecuária depende muito dos produtos
que estão em safra. A gente entrou agora forte com a safra do café, mas ele
está no ano da bianualidade negativa, então, como no primeiro trimestre não tem
safra de café, puxou bastante para baixo. Tem efeito da estiagem no milho
também, mas a soja está com safra recorde. A agropecuária como um todo está
sofrendo com o problema climático sim, isso vai afetar a taxa do ano, mas não
influenciou tanto na comparação trimestral”.
A soja teve alta de 9,8% e o arroz, de
4,1%. Tiveram taxas negativas o café (-21%), o algodão (-16,7%) e o milho
(-11,3%).
Indústria
Na indústria, Palis destaca a queda na
indústria de transformação, em especial a automobilística.
“A indústria de transformação teve uma
queda de 2,2%. Ela sofreu nesse segundo trimestre muito por conta da falta de
componentes eletrônicos, tem fila de espera, nem está conseguindo atender a
demanda. Na indústria de transformação como um todo, há uma disruptura na
cadeia produtiva e os insumos estão caros, dada a desvalorização do real”.
Segundo o IBGE, além da indústria de
transformação, a queda de 0,9% na atividade de eletricidade e gás, água, esgoto
e atividades de gestão de resíduos, influenciada pela crise hídrica, contribuiu
para neutralizar a alta de 5,3% nas indústrias extrativas e de 2,7% na
construção. Também teve crescimento o setores de Informação e comunicação, que
avançou 5,6%.
Serviços
O setor de serviços foi puxados por outras
atividades de serviços, com aumento de 2,1%. Porém, ainda está 4% abaixo do
primeiro trimestre de 2020 e 7,2% abaixo do quarto trimestre de 2019, períodos
considerados como referência pré-pandemia de covid-19.
“No caso dos serviços, eles recuperaram
bem, mas se for olhar os outros serviços, ainda não está no patamar
pré-pandemia, porque tem muito a questão dos serviços presenciais. Alojamento,
alimentação, saúde, educação mercantil, serviços voltados para as famílias,
ainda está abaixo do patamar pré-pandemia”, explica a coordenadora.
O consumo das famílias ficou estável na
comparação com o primeiro trimestre do ano e está 3% abaixo do período
pré-pandemia. Já o consumo do governo teve alta de 0,7% e os investimentos, que
compõem a Formação Bruta de Capital Fixo recuaram 3,6% no período.
“Apesar dos programas de auxílio do
governo, do aumento do crédito a pessoas físicas e da melhora no mercado de
trabalho, a massa salarial real vem caindo, afetada negativamente pelo aumento
da inflação. Os juros também começaram a subir. Isso impacta o consumo das
famílias”, aponta Rebeca.
Os dados do IBGE mostram que a balança
comercial brasileira subiu 9,4% nas exportações de bens e serviços no segundo
trimestre do ano, sendo a maior variação desde o primeiro trimestre de 2010. O
destaque foi a safra de soja, estimulada pelos preços favoráveis. Já as
importações, diminuíram 0,6% na comparação com o primeiro trimestre do ano.
Comparação anual
Em relação ao segundo trimestre de 2020,
que foi o pior da pandemia para a economia brasileira, o PIB avançou 12,4%. No
primeiro semestre deste ano, o crescimento foi de 6,4%, em relação ao mesmo
período de 2020. Palis destaca que, nesta comparação, tanto a agropecuária
(3,3%), como a indústria (10%) e os serviços (4,7%) tiveram resultados
positivos. Por outro lado, ela lembra que a economia encolheu 5,6% no mesmo
semestre do ano passado.
Na comparação com o segundo trimestre de
2020, o setor de serviços teve aumento de 10,8% no geral, com destaque para o
setor de transporte, armazenagem e correio (25,3%), comércio (20,9%), outras
atividades de serviços, que incluem serviços presenciais (16,1%) e informação e
comunicação (15,6%).
O consumo das famílias cresceu 10,8%, o
consumo do governo teve alta de 4,2% e os investimentos avançaram 32,9% no
segundo trimestre, puxados pelos resultados positivos na produção interna, na
importação de bens de capital e na construção.
No setor externo, as exportações cresceram
14,1% e as importações avançaram 20,2% na comparação com o segundo trimestre de
2020.
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