IBGE: inflação da indústria
tem alta de 1,86% em agosto
Índice de Preços ao Produtor
apura variação na porta das fábricas
Publicado em 29/09/2021 - 11:00 Por Akemi
Nitahara – Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro
O Índice de Preços ao Produtor (IPP) subiu
1,86% em agosto, na comparação com julho. O indicador, divulgado hoje (29), no
Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
mede a variação de preços de produtos na porta das fábricas, sem impostos e
frete. No ano, o aumento acumulado nos preços da indústria chegou a 23,55%. Em
12 meses, a alta é de 33,08%.
Segundo o IBGE, todas as 24 atividades
analisadas tiveram alta, o que só havia ocorrido em agosto de 2020. O gerente
do IPP, Manuel Souza Neto, disse que a demanda aquecida do comércio
internacional e a desvalorização do real frente ao dólar impactam os preços
industriais no mercado interno.
“O movimento dos preços do minério de
ferro e do óleo bruto do petróleo, por exemplo, afeta de forma quase direta os
setores de químicos, de refino e de metalurgia. No setor alimentício, as
exportações de commodities, como soja e milho, pressionam para cima os custos
das rações para animais e, por consequência, das carnes”, explicou.
Peso dos alimentos
A principal influência no IPP de agosto
foi do setor de alimentos, com a contribuição de 0,51 ponto percentual para o
índice. Na comparação com julho, os alimentos subiram 2,19%, a sétima taxa
positiva no ano e a segunda maior de 2021, perdendo apenas para os 2,66%
registrados em abril. O único mês que apresentou variação negativa foi junho
(-0,14%). No ano, o segmento acumula alta de 12,47%.
Souza Neto afirmou, ainda, que, em agosto,
os aumentos dos preços das carnes e miudezas de aves congeladas estiveram entre
as principais influências sobre o índice da indústria de alimentos.
“A elevação dos preços foi impactada tanto
pelo aumento de custo na criação dos animais, quanto pela maior demanda. Além
das exportações, também houve o impacto do mercado interno, com a volta às
aulas presenciais e a tendência de substituição da carne bovina pela de
frango”, observou.
Outras influências no indicador do mês
foram a entressafra e fatores ligados ao clima, de acordo com o gerente do IPP.
“A produção de leite esterilizado
(UHT/Longa Vida) foi influenciada pela seca do meio do ano, que diminuiu a
captação nas bacias leiteiras. Com isso, o preço do produto e de todos os seus
derivados aumentou. O café torrado e o moído sofreram a influência do inverno
rigoroso, com geadas em regiões produtoras importantes, o que também impactou a
safra da cana-de-açúcar e seus derivados”, explicou.
Ficaram com variação de preços acima da
média do setor alimentício o abate e a fabricação de produtos de carne (2,72%),
a fabricação e refino de açúcar (3,64%) e a torrefação e moagem de café
(6,54%).
Outras atividades
O refino de petróleo e de produtos de
álcool teve alta de 1,91%, a quarta consecutiva, com desaceleração frente a
julho (3,27%). No ano, o setor acumula inflação de 47,03%, a maior taxa da
série para um mês de agosto. As maiores influências no setor foram gasolina,
exceto para aviação (óleo diesel e álcool etílico anidro ou hidratado).
Na indústria química, os preços subiram
2,82% em agosto, a maior alta desde abril, quando o indicador foi de 4,73%. O
acumulado do ano está em 37,34% e, em 12 meses, a variação é de 50,49%. Segundo
Souza Neto, os dois segmentos sofreram influências do mercado externo.
“Esses resultados estão ligados
principalmente aos preços internacionais, inclusive de diversas
matérias-primas, importadas ou não, como a nafta. Um dos maiores responsáveis
pelo aumento é o grupo dos fertilizantes, com alta de 6,93% no mês, acumulando
65,98% no ano e 73,63% nos últimos 12 meses. Esses dois acumulados são os
maiores em toda a série”.
Na metalurgia, a alta em agosto foi de
2,58%, a 14ª taxa positiva seguida. O setor está com o terceiro maior acumulado
no ano (40,59%) e o segundo em 12 meses (56,98%).
De acordo com o IBGE, o IPP acompanha a mudança
média dos preços de venda recebidos pelos produtores domésticos de bens e
serviços, sinalizando as tendências inflacionárias de curto prazo.
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