EUA, Reino Unido e Austrália anunciam novo pacto para
conter a China
Austrália poderá construir submarinos com capacidade
nuclear
Publicado em 16/09/2021 - 11:06 Por Andreia Martins -
Repórter da RTP - Washington
RTP - Rádio e Televisão de Portugal
O Pacto de Aukus reúne os Estados Unidos, o Reino Unido e a
Austrália para fazer frente às pretensões territoriais da China no
Indo-Pacífico. O acordo, no âmbito da Segurança e Defesa, prevê que Camberra
possa construir, pela primeira vez, submarinos com capacidade nuclear, mas
também a estreita colaboração das três nações ao nível das capacidades
cibernéticas, quânticas e de inteligência artificial.
Os analistas consideram o acordo como um dos mais
significativos nas áreas de segurança e defesa desde o fim da Segunda Guerra
Mundial. O pacto vai permitir à Austrália a construção de submarinos com
propulsão nuclear, com o apoio dos aliados, Estados Unidos e Reino Unido.
“Estamos investindo na maior fonte de força: as nossas
alianças. Estamos nos atualizando para enfrentar, da melhor forma, as ameaças
de hoje e de amanhã. Estamos ligando os aliados e parceiros da América de novas
formas”, afirmou o presidente norte-americano,Joe Biden, ladeado pelas imagens
dos líderes britânico e canadense, em imagens transmitidas pelos canais de
televisão.
Sobre os submarinos, os Estados Unidos e a Austrália
garantiram que Camberra não irá recorrer a armas nucleares, ainda que tenham
capacidade para as transportá-las.
“Permitam-me ser muito claro: a Austrália não quer obter
armas nucleares ou alcançar uma capacidade nuclear civil”, disse Scott
Morrison, o primeiro-ministro australiano.
O país é um dos signatários do Tratado de Não Proliferação
Nuclear (TNP), que visa a impedir a aquisição e o desenvolvimento de armas
nucleares.
Ainda assim, este é o primeiro acordo em várias décadas de
partilha de informação e tecnologia com capacidade de propulsão nuclear. Antes
dessa quarta-feira, a última vez que os Estados Unidos tinha firmado esse tipo
de entendimento foi em 1958, com o Reino Unido.
Esses submarinos, que no âmbito do acordo passam a ficar
estacionados na Austrália, são muito mais rápidos e difíceis de detectar do que
os submarinos convencionais, o que confere maior influência norte-americana na
região do Indo-Pacífico.
Camberra torna-se, dessa forma, o sétimo país do mundo a
operar submarinos com capacidade nuclear, depois dos Estados Unidos, do Reino
Unido, da França, China, Índia e Rússia.
Com esse entendimento, cai um acordo assinado pela
Austrália em 2016, com a França, para a construção de 12 submarinos
convencionais, no valor de 56 bilhões de euros.
Mentalidade de "Guerra Fria”
O pacto prevê uma cooperação ainda mais estreita, ao nível
da segurança e defesa, entre os Estados Unidos, o Reino Unido e a Austrália,
três países que já integravam o grupo Five Eyes, em que também estão o Canadá e
a Nova Zelândia.
Além dos submarinos, o acordo Aukus prevê a estreita
colaboração dos três países no conhecimento e capacidade cibernéticos,
quânticos e de inteligência artificial, bem como de novas tecnologias
submarinas.
Na conferência conjunta, nenhum dos três líderes fez
referências diretas à China, tendo assumido apenas que os desafios de segurança
regionais “aumentaram significativamente”.
No entanto, o acordo é visto como uma resposta dos Estados
Unidos ao expansionismo de Pequim no Mar do Sul da China e das ameaças chinesas
a Taiwan. Em entrevista, Joe Biden falou da importância de “um Indo-Pacífico
livre e aberto”.
“Esta é uma oportunidade histórica para as três nações,
aliadas e parceiras com ideais semelhantes, protegerem os valores partilhados e
promoverem a segurança e a prosperidade na região”, diz a declaração conjunta.
A embaixada chinesa em Washington criticou o acordo
trilateral e pediu às nações que “deixem a mentalidade de guerra fria e o
preconceito ideológico”, afirmou o porta-voz Liu Pengyu.
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