Cepal: crescimento da América Latina não reverterá efeitos
da pandemia
Expansão de 4,5% para o Brasil não altera estagnação
econômica
Publicado em 08/07/2021 - 18:32 Por Wellton Máximo –
Repórter da Agência Brasil - Brasília
Depois de encolher 6,8% em 2020, a economia
latino-americana crescerá 5,2% em 2021. Mesmo assim, a expansão será
insuficiente para reverter a crise econômica gerada pela pandemia de covid-19.
A estimativa foi divulgada hoje (8) pela Comissão Econômica para a América
Latina e o Caribe (Cepal).
No balanço anterior, divulgado em dezembro, o órgão previa
crescimento de 3,7% para a região em 2021. Apesar da melhoria das projeções, a
Cepal adverte que a expansão não conseguirá compensar os efeitos da retração
econômica provocada pelo novo coronavírus.
“Essa expansão [de 5.2%] não conseguirá assegurar um
crescimento sustentado, já que os impactos sociais da crise e os problemas
estruturais da região se agravaram e se prolongarão durante a fase de
recuperação”, alertou o relatório.
O documento pede a manutenção de políticas emergenciais de
transferência de renda e o aprofundamento de políticas de proteção ao meio
ambiente e de desenvolvimento sustentável como meios de amenizar os impactos
sociais da pandemia, que serão duradouros. Para a Cepal, a covid-19 agravou
problemas estruturais que afetam os mais pobres, como a desigualdade social, a
pobreza e os baixos níveis de investimento e de produtividade no continente.
Entre as medidas sugeridas pela Cepal, órgão vinculado às
Nações Unidas, estão investimentos públicos, políticas industriais e
tecnológicas para gerar empregos de melhor qualidade, reestruturação dos
sistemas de saúde e educação, universalização de uma renda básica emergencial,
adoção de bônus contra a fome, acesso a “cestas básicas digitais” (como conexão
gratuita de internet) e apoio às micro e pequenas empresas.
Para 2022, a Cepal prevê crescimento de 2,9% na América
Latina e no Caribe. Além da desaceleração em relação a este ano, a projeção,
segundo o órgão, indica que a dinâmica de baixo crescimento do continente
anterior à pandemia de covid-19 tende a continuar nos próximos anos.
Brasil
Em relação ao Brasil, a estimativa de crescimento em 2021
passou de 3,2% para 4,5%. Ao considerar que o Produto Interno Bruto (PIB, soma
dos bens e serviços produzidos) encolheu 4,1% em 2020, a expansão deste ano
significaria crescimento acumulado de 0,2% em 2020 e 2021. Para 2022, a Cepal
estima crescimento de 2,3% para o Brasil.
Segundo a Cepal, a situação do Brasil é menos ruim que a
dos demais países da América Latina, principalmente porque a transferência de
renda promovida pelo auxilio emergencial ajudou a amenizar a queda do PIB no
ano passado. Mesmo assim, o órgão adverte que a recuperação econômica está
sendo desigual entre os setores e que o crescimento deste ano, na maioria dos
setores, apenas está retomando níveis observados antes da pandemia.
“As recuperações relativamente rápidas no Brasil e no
México fizeram as atividades industriais retornar a um nível de quase
estancamento, como o registrado desde o fim de 2015 no primeiro caso [do
Brasil] e o início de 2018 no segundo [do México]”, destacou o relatório.
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