Velho
Chico: rio percorre a cultura, a história e a economia do país
Hoje é dia
de nacional mobilização em defesa do Rio São Francisco
Publicado em
03/06/2021 - 09:39 Por Daniella Longuinho - Repórter da Rádio Nacional -
Brasília
Com 168
afluentes, o Rio São Francisco é o maior rio inteiramente brasileiro. Ele
percorre 2.863 km passando por seis estados: Minas Gerais, Goiás, Bahia,
Pernambuco, Alagoas e Sergipe, além do Distrito Federal. Dezoito milhões de
brasileiros dependem de suas águas.
Para chamar
atenção para os problemas enfrentados pelo rio e sua bacia, a campanha Eu viro
carranca para defender o Velho Chico chega ao 7º ano. As carrancas, que são
esculturas com figuras assombrosas, eram usadas nas embarcações para espantar
as "feras" do rio e os perigos da travessia.
O Comitê da
Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, formado por representantes da
sociedade civil e do governo, instituiu o dia 3 de junho como Dia Nacional de
mobilização em Defesa do Rio São Francisco.
O escritor e professor
de literatura da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Aurélio de Lacerda
destaca que o Velho Chico não é só o rio da integração nacional, mas enxerga
poesia e vê o recurso como uma personagem brasileira.
“O Rio São
Francisco é uma personagem, e, como personagem tratada na literatura, na
literatura de cordel, nos causos, nos contos, nos enredos, nas cantigas, nas
cantorias, essa personagem conta seus dramas, conta também as suas festas, o
seu progresso.”
Imaginem as
histórias e lendas contadas pelos 70 mil índios, de 32 povos, que habitam a
Bacia do Velho Chico? E pelos quilombolas, ribeirinhos, barranqueiros e
pescadores.
Impulsionador
da economia
Além de toda
essa diversidade cultural, o Rio São Francisco é um grande impulsionador da
economia dos municípios situados ao longo de seu percurso, segundo a
pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Maria
Auxiliadora Lima. O transporte de cargas, a produção de energia elétrica, a
piscicultura e o turismo estão entre os potenciais do rio.
Mas, para a
especialista, a atividade agrícola é o carro-chefe do Velho Chico, com destaque
para a agricultura irrigada: são mais de 150 mil hectares irrigados pelo
rio.
“Essa
agricultura irrigada representa um elemento fundamental para a economia, o
principal gerador de renda e desenvolvimento para as comunidades, para a
região, para os municípios no entorno dessas áreas irrigadas e tem trazido
benefícios sociais importantes.”
Práticas
sustentáveis
O
desenvolvimento implementado na região precisa vir acompanhado de práticas
sustentáveis, destaca o coordenador da Articulação no Semiárido Brasileiro (Asa
Brasil), Cícero Félix. Para ele, a destruição dos biomas do cerrado e caatinga
para implantação da mineração e grandes áreas de cultivo para exportação, bem
como a poluição, são as grandes responsáveis pela degradação da bacia do São
Francisco. O especialista explica que a conservação das nascentes e a
destinação de orçamento para saneamento ambiental são necessárias para a
preservação do rio.
“Conservação
dos bens naturais que ainda existem, cobertura vegetal de solos, de proteção da
flora e da fauna, das nascentes dos pequenos rios, dos pequenos riachos, e
orçamento para saneamento ambiental da bacia do São Francisco.”
Este ano, a
Campanha em defesa do Rio São Francisco ganhou prêmio da Agência Nacional das
Águas na categoria entes do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos. Para fazer parte da mobilização e conhecer mais sobre a ação, basta
acessar o site da campanha.
0 Comentários