Pandemia
mudou a relação dos brasileiros com tecnologias bancárias
Transações
pelo celular ultrapassam 50% das operações, diz Febraban
Publicado em
24/06/2021 - 15:25 Por Ludmilla Souza - Repórter da Agência Brasil - São Paulo
Posso fazer um
pix? Posso transferir pelo celular? As perguntas, cada vez mais comuns, entre
as pessoas e as empresas, mostram que o uso das tecnologias bancárias tem se
tornado mais frequente, até por quem não confia muito nas transações bancárias
pelo celular.
Impulsionado
pela pandemia da covid-19 e as medidas de isolamento social, iniciadas em março
do ano passado, o uso do celular é o canal favorito dos brasileiros para pagar
contas, fazer transferências, contratar crédito e as demais operações bancárias
entre outras ações.
No ano
passado, pela primeira vez, as transações realizadas no mobile banking - os
aplicativos bancários - representaram mais da metade (51%) do total das
operações feitas no país, revela a Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária
2021 (ano-base 2020), divulgada hoje (24) no Congresso e Exposição de
Tecnologia da Informação das Instituições Financeiras (CIAB) realizada pela
Federação Brasileira de Bancos (Febraban) 2021.
O número de
transações feitas pelo celular chegou a 52,9 bilhões, ante 37 bilhões no ano
anterior. Em todos os canais bancários (celular, internet, maquininhas,
agências, caixas eletrônicos, correspondentes bancários e contact centers), o
total das operações feitas pelos clientes chegou a 103,5 bilhões, um
crescimento de 20% - o maior dos últimos anos do estudo, realizado pela
Deloitte.
Juntos, os
canais digitais (internet banking e mobile banking) concentram 67% de todas as
transações (68,7 bilhões) e são responsáveis por 8 em cada 10 pagamentos de
contas, e por 9 em cada 10 contratações de crédito. Entre os 21 bancos que
participaram do levantamento, 8 responderam que foram abertas 7,6 milhões de
contas pelos canais digitais, uma alta de 90% ante 2019.
A pesquisa
também mostrou que um cenário de pandemia, os bancos continuam aumentando seus
gastos com tecnologia bancária, totalizando R$ 25,7 bilhões no ano passado, um
aumento de 8% em relação a 2018. E também revelou que 10% do orçamento de
Tecnologia da informática é voltado para a cibersegurança, com o objetivo de
garantir transações com total segurança para os brasileiros em seu dia a dia.
“Os resultados
de nossa pesquisa, mais uma vez, mostram um investimento maciço da indústria
bancária em tecnologia, usabilidade e oferta de novos serviços, em um ano
extremamente desafiador, no meio da maior crise de saúde e com graves
consequências econômicas no mundo inteiro. Continuamos com uma tecnologia
bancária de ponta, inovadora, moderna, segura e acessível, o que permitiu que
nossos clientes ficassem em casa e sequer precisassem ir aos bancos para pagar
suas contas, conferir suas finanças, e tocar seus negócios”, avalia o
presidente da Febraban, Isaac Sidney.
Auxílio
emergencial
A pesquisa
revelou que as transações com movimentação financeira feitas pelo celular
registraram um salto de 64% em 2020, impulsionadas pelo contexto da pandemia e
do auxílio emergencial. Praticamente, todas as operações disponíveis para os
clientes bancários pelo smartphone cresceram em 2020: contratação de
investimentos (63%), transferências/DOC/TED (60%), pagamentos de contas (51%),
contratação de crédito (44%).
Segundo o
levantamento, o total de contas ativas no mobile banking (conta com alguma
movimentação nos últimos seis meses) mais que dobrou, passando de 92,4 milhões
para 198,2 milhões. Deste total, 70 milhões foram abertas devido ao auxílio
emergencial. Entretanto, o estudo mostra que mesmo sem considerar o efeito do
auxílio emergencial, o crescimento teria sido de 39%. Já os clientes heavy
users (que utilizam mais de 80% das transações em um único canal) registraram
um crescimento de 113%, passando de 35,7 milhões para 76,3 milhões no ano
passado.
“Com a
popularização dos serviços financeiros pelos canais digitais, continuamos
avançando no terreno importante da inclusão financeira no Brasil, especialmente
com o mobile banking, que permite carregar o banco em seu bolso e acessar em
qualquer hora ou local, serviços antes restritos a agências bancárias.
Praticamente, todas as operações bancárias podem ser feitas de forma
eletrônica”, afirma Rodrigo Mulinari, diretor setorial de Tecnologia e
Automação Bancária da Febraban.
Durante o
CIAB, o diretor destacou ainda a entrada dos novos usuários no uso das
tecnologias para o celular. “A pandemia trouxe um número muito grande de
clientes que tiveram o primeiro contato com os canais digitais, e essas pessoas
permanecerão nos canais digitais, lembrando que ele sempre terá a escolha dos
demais canais e a escolha é sempre do cliente”.
PIX
Neste ano, a
pesquisa trouxe um recorte especial sobre o Pix- sistema de pagamento
instantâneo, que entrou em vigor em 16 de novembro do ano passado. Entre os
destaques, o levantamento mostra que a nova ferramenta ampliou
significativamente a sua participação na composição de transações bancárias,
ganhando espaço sobre pagamentos via transferências tradicionais (DOC/TED).
Em novembro,
entre os 21 bancos pesquisados, as transações pelo Pix somaram 59,2 milhões,
número que foi para 338,2 milhões em março deste ano, um crescimento de 471%;
enquanto as transferências caíram de 229,4 milhões para 218,5 milhões no mesmo
período. A pesquisa mostrou que o número de usuários cadastrados com mais de 30
recebimentos por Pix no mês aumentou de 6 mil para 519 mil em março.
Cibersegurança
Os aplicativos bancários para celular ganharam destaque após o caso do vereador de São Paulo ter R$ 67mil transferido de sua conta bancária após o roubo de seu celular. Apesar desse e de outros relatos de casos semelhantes, a Febraban esclareceu, por meio de nota, que os aplicativos dos bancos contam com o máximo de segurança em todas as suas etapas, desde o seu desenvolvimento até a sua utilização. “Portanto, não existe qualquer registro de violação da segurança desses aplicativos, os quais contam com o que existe de mais moderno no mundo para este assunto. Além disso, para que os aplicativos bancários sejam utilizados, há a obrigatoriedade do uso da senha pessoal do cliente”, completa a nota.
Como
funciona o golpe
Muito dos
roubos ocorrem em vias públicas durante o uso do celular pelas pessoas. Dessa
forma, os criminosos têm acesso ao celular já desbloqueado e, a partir daí,
realizam pesquisas no aparelho buscando por senhas eventualmente armazenadas
pelos próprios usuários em aplicativos e sites. De posse dessas informações,
tentam ingressar no aplicativo do banco.
“O que a gente
percebeu é que o ladrão rouba o celular, ele está aberto e o ladrão procura se
há algum lugar que tem alguma senha ou credencial. Não posso afirmar que foi esse
o caso, mas é uma prática que a gente orienta a não fazer, mas reitero que os
canais digitais são extremamente seguros, essa preocupação é constante nesse
segmento”, destacou Mulinari durante o CIAB.
Na última
sexta-feira (18), a Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor São Paulo
(Procon-SP) notificou dez bancos e três associações do setor financeiro para
que mostrem não existirem falhas na segurança dos aplicativos (apps) das
instituições.
Metodologia
da pesquisa
A edição deste
ano é a 29ª do estudo, que revela, de forma consolidada, as tendências de
investimentos e do uso da tecnologia no setor financeiro, além de analisar a
relação dos consumidores com os canais de atendimento bancários. Vinte e um
bancos responderam o questionário, representando 87% dos ativos da indústria
bancária no Brasil. Neste ano, o levantamento também ouviu 17 executivos
atuantes na área de tecnologia bancária de 10 bancos. Também foram incluídas
informações de dados públicos e de pesquisas da Deloitte.
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