ONU pede a países recuperação de 1 bilhão de
hectares de terra
Relatório foi divulgado hoje pela organização
Publicado em 03/06/2021 - 11:13 Por RTP - Nova York
A Organização das Nações Unidas (ONU) apelou hoje (3) aos
países que cumpram os compromissos de recuperar 1 bilhão de hectares de terra,
para enfrentar as crises climáticas e de biodiversidade.
A recuperação de pelo menos 1 bilhão de hectares degradados
na próxima década é uma forma de enfrentar as ameaças das alterações
climáticas, perda de natureza e poluição, diz a ONU em relatório hoje divulgado
no âmbito da Década das Nações Unidas para a Restauração dos Ecossistemas
2021-2030.
Os países, afirma a organização, também precisam
acrescentar compromissos idênticos em relação aos oceanos, segundo o relatório
do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA) e da Organização das
Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).
O documento destaca que a humanidade está utilizando cerca
de 1,6 vezes a quantidade de serviços que a natureza pode fornecer de forma
sustentável.
Isso significa, de acordo com o relatório, que os esforços
de conservação por si só são insuficientes para prevenir um colapso em larga
escala dos ecossistemas e perda de biodiversidade. Os custos globais da
recuperação terrestre, não incluindo a parte marinha, estão estimados em pelo
menos US$ 200 bilhões por ano até 2030, sendo que, estima a ONU, cada dólar
investido na restauração cria até US$ 30 de benefícios econômicos.
Os ecossistemas que requerem uma recuperação urgente
incluem terras agrícolas, florestas, prados e savanas, montanhas, turfeiras,
áreas urbanas, zonas de água doce e oceanos.
O relatório diz ainda que as comunidades que vivem em quase
2 bilhões de hectares degradados de terra incluem algumas das mais pobres e
marginalizadas do mundo.
"Esse documento apresenta também os motivos pelos
quais todos nós temos de nos empenhar no esforço global de recuperação.
Baseando-se nas mais recentes provas científicas, expõe o papel crucial
desempenhado pelos ecossistemas, desde florestas e terras agrícolas a rios e
oceanos, e traça as perdas que resultam de uma má gestão do planeta",
escreveram no prefácio do documento o diretor executivo do PNUMA, Inger
Andersen, e o diretor-geral da FAO, QU Dongyu.
Eles acrescentam que a "degradação já afeta o bem-estar
de cerca de 3,2 mil milhões de pessoas - ou seja, 40% da população
mundial", e que em cada ano se perdem serviços ecossistêmicos que valem
mais de 10% da produção econômica global.
A recuperação dos ecossistemas consiste em travar e
inverter a degradação, o que resulta em ar e água mais limpos, mitigação de
condições meteorológicas extremas, melhor saúde humana e recuperação da
biodiversidade, incluindo melhor polinização das plantas.
Segundo a ONU, a restauração contribui ainda para a
realização de vários Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), incluindo
a saúde, água limpa, e paz e segurança, e para os objetivos das três
"convenções do Rio" sobre Clima, Biodiversidade e Desertificação.
A recuperação, se combinada com a redução da conversão dos
ecossistemas naturais, pode ajudar a evitar 60% das extinções de biodiversidade
esperadas. Além do que, diz o relatório, pode ser altamente eficiente na
produção de benefícios econômicos, sociais e ecológicos. A agroflorestação, por
exemplo, tem o potencial de aumentar a segurança alimentar para 1,3 mil milhão
de pessoas.
As duas agências da ONU responsáveis pelo relatório lançam
hoje também uma ferramenta para monitorar os esforços de restauração, que
permite aos países medir o progresso dos projetos de restauração em
ecossistemas-chave.
A Assembleia-Geral da ONU declarou 2021-2030 como a década
para a recuperação dos ecossistemas, liderada pelo PNUA e pela FAO. A
iniciativa visa a acelerar a promoção global da recuperação de ecossistemas
degradados.
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