Fóssil de
espécie mais próxima ao Homo sapiens é descoberto na China
Espécie
recebeu o nome de Homo longi ou homem dragão
Publicado em
27/06/2021 - 12:07 Por Akemi Nitahara - Repórter da Agência Brasil - Rio de
Janeiro
Uma equipe de
12 cientistas liderados pelo professor Qiang Ji, da Hebei GEO University, na
China, identificou uma nova espécie humana que viveu na Ásia entre 138 mil e
309 mil anos atrás. O crânio de Harbin, capital da província de Heilongjiang,
no nordeste da China, foi datado em 146 mil anos e recebeu o nome de Homo longi
ou homem dragão, em homenagem ao local onde foi descoberto, Long Jiang, ou
Dragon River (Rio Dragão, em português).
De acordo com
o Museu de História Natural de Londres, instituição a que está vinculado um dos
pesquisadores da equipe, Chris Stringer, o fóssil pertence a uma das diferentes
espécies humanas que coexistiram na Ásia, Europa e África há 100 mil anos, como
os homens de Dali, Jinniushan e Hualongdong.
Todas elas
podem ser consideradas formas de transição entre a espécie Homo erectus, a
primeira identificada do gênero Homo, que surgiu há 1,9 milhão de anos e que se
destacou pela fabricação de instrumentos e utensílios de pedra, madeira, pele e
ossos, e a atual Homo sapiens, surgida na África há cerca de 200 mil anos. A
espécie de transição mais conhecida é a Homo neanderthalensis, os neandertais,
extintos há 40 mil anos.
O crânio de
Harbin foi encontrado por um operário que trabalhava na construção de uma ponte
sobre o Rio Songhua, em 1933, mas somente foi levado aos cientistas em 2018,
por um camponês neto do operário. Como o local do achado foi desfigurado ao
longo do tempo, as condições do entorno do fóssil não puderam ser
reconstituídos, e os cientistas utilizaram técnicas de análises geoquímicas
sofisticadas para fazer a datação.
Chris Stringer
explica que o crânio de Harbin é “enorme”, com volume cerebral semelhante ao do
humano atual, indicando que ele tinha características do Homo sapiens. “É o
maior ou o segundo maior valor para muitas medições em nosso banco de dados
fóssil comparativo e seu volume cerebral de 1.420 ml corresponde ao dos humanos
modernos. Ele também mostra outras características semelhantes à nossa espécie.
Tem maçãs do rosto planas e baixas com uma fossa canina rasa, e o rosto parece
reduzido e enfiado sob a caixa craniana”.
Análise do
crânio
Os detalhes da
descoberta foram publicados nessa sexta-feira (25), em artigo no periódico The
Innovation , com o nome de Provação Geoquímica e datação direta do crânio
humano arcaico de Harbin, em tradução livre.
Foram feitas
análises geoquímicas que incluíram fluorescência de raios X não destrutiva,
elementos de terras raras e de isótopos Sr. Os resultados da datação indicam
semelhanças com os mamíferos do Pleistoceno Médio-Holoceno e de outros fósseis
humanos recuperados da área de Harbin.
“O crânio humano
de Harbin é um dos mais bem preservados de todos os fósseis humanos arcaicos
encontrados e tem grande importância para a compreensão da diversificação do
gênero Homo e da origem do Homo sapiens. Ele representa uma nova linhagem
humana, evoluindo no Leste Asiático, e é colocada como grupo irmão do Homo
sapiens. Uma combinação de características primitivas e derivadas no crânio de
Harbin estabelece um bom conjunto de características diagnósticas que foram
usadas para definir uma nova espécie de Homo”, diz o artigo.
De acordo com
os pesquisadores, o homem dragão pode ser contemporâneo de outros humanos
arcaicos do Pleistoceno Médio da China, como Xiahe (160 mil anos), Jinniushan
(200 mil anos), Dali (327 mil a 240 mil anos) e Hualongdong (345 mil a 265 mil
anos). Essa datação também se sobrepõe à do Homo sapiens inicial da África e do
Oriente Médio. A espécie Homo longi pode ter sido tão bem-sucedida quanto as
primeiras populações de Homo sapiens, distribuindo-se por uma grande área na
Ásia, incluindo ambientes extremos em altitude e frio.
0 Comentários