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Crédito: REUTERS/Amanda Perobelli |
Felicidade do brasileiro cai em meio a pandemia
Indicador
atinge a menor marca em 15 anos
Publicado em
15/06/2021 - 16:52 Por Mariana Tokarnia - Repórter da Agência Brasil - Rio de
Janeiro
As
desigualdades sociais aumentaram no Brasil durante a pandemia de covid-19, e os
indicadores de felicidade do brasileiro estão no menor ponto da série
histórica.
De acordo
com a pesquisa Bem-Estar Trabalhista, Felicidade e Pandemia, do Centro de
Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV Social), o país atingiu, em
2020, a pior nota média de satisfação com a vida desde 2006. Já a desigualdade,
medida pelo chamado índice de Gini, atingiu o patamar mais alto, batendo também
o recorde de toda a série histórica no primeiro trimestre de 2021.
Ainda
segundo o estudo, os impactos mais fortes na diminuição de renda e bem-estar
foram sentidos pela parcela mais pobre da população.
O estudo
mostra que, durante a pandemia, a renda média do brasileiro foi de R$ 1.122
entre janeiro e março de 2020, a R$ 995, no primeiro trimestre de 2021, o menor
valor da série histórica, marcando, pela primeira vez, um montante abaixo de R$
1 mil.
Já o
bem-estar social - indicador que combina prosperidade com igualdade - caiu
19,4%, entre o primeiro trimestre de 2020 e o mesmo período de 2021, chegando a
um novo piso da série.
O índice de
Gini, usado para avaliar a distribuição de riquezas de determinado lugar,
passou de 0,642 no primeiro trimestre de 2020 para 0,674 no mesmo período de
2021, o que é considerado "um grande salto de desigualdade”.
Nesse
contexto, os brasileiros estão com mais raiva (19% para 24%, de 2019 para 2020)
e relatam estar mais preocupados (56% para 62%, de 2019 para 2020), mais
estressados (43% para 47%) e mais tristes (26% para 31%). Já quando o assunto é
diversão, a percepção do brasileiro é de queda, de 72%, em 2019 para 66%, em
2020.
Para o
diretor do FGV Social e coordenador da pesquisa, Marcelo Neri, as perdas
materiais explicam a perda de felicidade, mas não são o único motivo.
“Todos nós
estamos vivendo um cenário muito desafiador e difícil, que é nosso risco de
sobrevivência. Nosso dia a dia é muito difícil, em isolamento social, perda de
entes queridos, tudo isso, para além da renda, ajuda a explicar essa perda da
felicidade”, diz.
Satisfação
com a vida
A medida
geral de felicidade é dada por uma nota de avaliação de satisfação com a vida
numa escala de 0 a 10. Essa nota, que vinha piorando entre 2014 e 2018, chegou
a melhorar em 2019, atingindo 6,5 pontos. Em 2020, no entanto, caiu 0,4 ponto,
chegando a 6,1 - a menor pontuação da série histórica, desde 2006.
A felicidade
na pandemia também é desigual. Entre os 20% mais ricos, esse indicador aumentou
de 6,8 para 6,9, de 2019 para 2020. Entre os 40% mais pobres, caiu de 6,3 para
5,5.
“Toda essa
queda está concentrada na base da distribuição de renda brasileira, ou seja,
uma piora da desigualdade de felicidade”, diz Neri.
A pesquisa
também comparou os resultados com os de 40 outros países. Em média, a “nota de
felicidade” ficou parada no restante do mundo, em torno de 6 pontos.
“O que a
pesquisa mostra e acho que é importante dizer é que, embora a pandemia seja um
fenômeno global que afetou a todos os países, o Brasil tem um desempenho nesses
aspectos subjetivos pior. A gente talvez precise repensar como a gente está
lidando com a pandemia em termos de políticas, em termos de enfrentamento,
enquanto ação coletiva”, diz o coordenador do estudo.
A pesquisa
está disponível na íntegra no site da FGV Social.
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