Epitácio Pessoa - Período presidencial
Quando o
presidente assumiu o governo, o país, segundo o censo de 1920, contava com
30.635.605 habitantes e 13.346 fábricas empregando cerca de 275 mil operários.
Predominavam os bens de consumo, como tecidos, alimentos, roupas e calçados,
que representavam 70% da produção. Uma nova crise mundial afetou as atividades
econômicas brasileiras, provocando uma queda de quase 50% no preço do café.
Epitácio Pessoa, pressionado pelos cafeicultores paulistas e mineiros, acabou
intervindo no mercado, emitindo papel-moeda e, assim, garantiu a recuperação
dos preços do produto. Em outubro de 1921, o governo implementou uma nova
política de defesa do café, pela terceira vez na história da República,
contraindo empréstimos junto à Inglaterra. A estabilização dos preços do
produto foi alcançada por meio, também, da própria recuperação do ritmo da
economia mundial, após a crise de 1920, pela diminuição das safras dos anos de
1922 e 1923 e pela proibição do consumo de bebidas alcoólicas nos Estados
Unidos da América.
A crise
política desses anos expressou-se no descontentamento do Exército, na
insatisfação da população urbana e nas tensões regionais das elites dominantes,
quando o Rio Grande do Sul destacou-se como centro de oposição ao núcleo
agrário-exportador. Em 1922, o ambiente político tornou-se bastante tenso em
virtude da acirrada disputa dos candidatos à sucessão presidencial de Epitácio
Pessoa. As oligarquias do Rio Grande do Sul, Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro
formaram a Reação Republicana, lançando a candidatura do fluminense Nilo
Peçanha. Essa indicação rompeu o acordo firmado entre São Paulo e Minas Gerais
que estabeleceu a indicação do mineiro Artur Bernardes para a presidência, já
definindo o paulista Washington Luís para sucedê-lo. A campanha eleitoral de
Artur Bernardes contra Nilo Peçanha, que novamente concorria à presidência, foi
considerada como uma das mais exacerbadas da República Velha.
Epitácio
Pessoa enfrentou em seu governo a crise política gerada pela exigência do Clube
Militar, comandado pelo marechal Hermes da Fonseca, de renúncia da candidatura
à presidência de Artur Bernardes, ao julgar autênticas as cartas publicadas
pelo jornal Correio da Manhã, falsamente atribuídas a Bernardes, nas quais eram
atacados o ex-presidente Hermes da Fonseca e o Exército. O fechamento do Clube
Militar e a prisão de Hermes da Fonseca, ocorridos em 2 de julho de 1922,
desencadearam, quatro dias mais tarde, a Revolta do Forte de Copacabana, no Rio
de Janeiro, já sob a vigência do decreto de estado de sítio que atingia todo o
país. A expectativa era deflagrar uma revolução militar, porém os demais fortes
da cidade não aderiram ao movimento e as tropas legalistas atacaram o Forte de
Copacabana, matando 271 dos 301 militares rebelados. Ficou conhecida como os
"18 do Forte" a marcha para a morte de 16 militares acompanhados de
dois civis, que partindo do forte atravessaram a avenida Atlântica para
enfrentar as tropas do governo. O saldo foi de apenas dois sobreviventes: os
tenentes Siqueira Campos e Eduardo Gomes. Esse episódio marcou o início do
longo movimento de rebelião que atingiria o país, denominado de tenentismo.
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