CONTEXTO
Os trinta
primeiros anos do século XX foram um período de fortalecimento de setores
sociais e políticos que foram determinantes para o enfraquecimento da Primeira
República no Brasil. Assim, o sistema político vigente foi sendo, aos poucos,
corroído em suas bases de apoio. Dessa forma, em 1930, quando uma grande
revolta explodiu, ele não conseguiu oferecer resistência e caiu. Esse episódio,
conhecido como Revolução de 1930, transformou os rumos do Brasil, que passou da
condição de país agrário-exportador para a de urbano-industrial.
AS NOVAS FORÇAS SOCIAIS E POLÍTICAS
É
importante destacar que a indústria brasileira se expandiu durante a República
Velha, embora de forma muito lenta. Paralelamente a isso, houve o
fortalecimento da burguesia industrial, que, apesar de não ter contestado o
regime da República Velha, era uma classe que passou a gozar de um prestígio social
equiparável aos dos cafeicultores. Portanto, essa nova burguesia representava
uma ameaçava à hegemonia da classe dominante, algo que não havia existido até
então.
Se teve
fortalecimento da burguesia industrial, teve também a expansão do operariado! A
população operária de São Paulo e Rio de Janeiro aumentou substancialmente com
o crescimento das indústrias. Sua insatisfação com as péssimas condições de
trabalho permitiu que essas pessoas se simpatizassem com ideias anarquistas,
socialistas e comunistas, em geral difundidas pelos operários imigrantes
europeus.
Assim,
foi surgindo gradualmente o movimento de luta dos trabalhadores, que faziam
suas reivindicações por meio de greves, frequentemente respondidas com
violência e repressão policial. A mais importante do período foi a Greve Geral
de 1917, ocorrida em São Paulo, que tomou grandes proporções e obteve
repercussão nacional.
Uma outra
força política essencial para a preparação da Revolução de 1930 foi o
tenentismo, organizado por jovens militares de baixa patente que almejavam
reformas políticas e sociais. Durante os anos 20, esse movimento se ampliou
significativamente, pois ganhou o apoio de vários setores da classe média e se
tornou conhecido pelas inúmeras revoltas que organizou contra o governo.
O líder
tenentista mais conhecido foi o capitão Luís Carlos Prestes, figura que
abordaremos mais à frente ao tratar da Era Vargas (1930-1945). Chefe da famosa
Coluna Prestes, Luís Carlos e outros tenentistas percorreram 25 mil quilômetros
a pé pelos sertões brasileiros em apenas 21 meses, incentivando a rebeldia e a
revolução. Esse espírito de luta incomodou o governo brasileiro, que passou a
perseguir e, em alguns casos, até a exilar os líderes tenentistas.
Por
último, mas não menos importante, havia as oligarquias dissidentes. Essa
expressão engloba latifundiários, geralmente exportadores de produtos
secundários para a economia, que, apesar de ocuparem o poder em seus estados,
não se sentiam representados por um sistema político preocupado em proteger,
acima de tudo, o café. Assim, essas oligarquias passaram a reclamar do
predomínio absoluto exercido por São Paulo e Minas Gerais na esfera federal e
acabaram se aliando ao tenentismo e outros grupos sociais para fazer oposição
ao governo.
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