Jânio Quadros - Período presidencial
Jânio
Quadros assumiu a presidência de um país com cerca de 72 milhões de habitantes.
Iniciou seu governo lançando um programa anti-inflacionário, que previa a
reforma do sistema cambial, com a desvalorização do cruzeiro em 100% e a
redução dos subsídios às importações de produtos como trigo e gasolina.
Tratava-se de incentivar as exportações do país, equilibrando a balança de
pagamentos. O plano foi aprovado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI),
credenciando o governo à renegociação da dívida externa brasileira.
Internamente, essa política teve um alto custo para a população, implicando,
por exemplo, a elevação dos preços do pão e dos transportes.
Em março,
Jânio Quadros encaminhou o projeto da lei antitruste e de criação da Comissão
Administrativa de Defesa Econômica, vinculada ao Ministério da Justiça, o que
foi rejeitado pelo Congresso Nacional. No princípio de agosto, o presidente
anunciou a criação da Comissão Nacional de Planejamento e a preparação do
Primeiro Plano Quinquenal, que viria substituir o Plano de Metas estabelecido
na administração de Juscelino Kubitschek.
A
política externa "independente" implementada pelo governo indicava a
tentativa de aproximação comercial e cultural com os diversos blocos do mundo
pós-guerra, o que provocou a desconfiança de setores e grupos internos que
defendiam o alinhamento automático com os Estados Unidos. Repercutiu
negativamente, também, a condecoração, por Quadros do ministro da Economia
cubano Ernesto Che Guevara, com a ordem do Cruzeiro do Sul.
No âmbito
interno, o governo experimentava, ainda, a ausência de uma base política de
apoio: no Congresso Nacional dominavam o PTB e o PSB, ao mesmo tempo em que
Jânio Quadros afastara-se da UDN, enfrentando a oposição cerrada do então
governador do estado da Guanabara, Carlos Lacerda. Esses são alguns dos
principais fatores que teriam levado à renúncia do presidente em 25 de agosto
de 1961, consumada através de documento apresentado ao Congresso Nacional. Com
o vice-presidente João Goulart em viagem à China, esse gesto abriu uma grave
crise política, uma vez que a posse de Goulart era vetada por três ministros
militares. A solução encontrada pelo Congresso, e aprovada em 3 de setembro de
1961, foi a instauração do regime parlamentarista, que garantiria o mandato de
João Goulart até 31 de janeiro de 1966.
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