Hermes da Fonseca - Período presidencial
Hermes da
Fonseca foi o primeiro militar eleito à presidência através de um pleito
nacional. Sua eleição expressou a falta de acordo entre as lideranças paulistas
e mineiras, e a emergência no cenário político da aliança do Rio Grande do Sul
com os militares, rompendo assim a "política do café com leite". A
influência do presidente do senado Pinheiro Machado no governo perdurou desde a
sugestão de indicação da candidatura de Hermes da Fonseca até o fim do período
presidencial.
No início
do governo, eclodiu a Revolta da Chibata, levante de marinheiros que se opunham
ao regime de castigos físicos em vigor na Marinha. A chibata era o instrumento
utilizado pelos oficiais para açoitar os marinheiros que cometiam faltas
consideradas graves.
Após a
punição do marinheiro Marcelino Rodrigues, que recebeu 250 chibatadas,
assistida por toda a tripulação do encouraçado Minas Gerais, desencadeou-se a
revolta liderada por João Cândido Felisberto, que ficou conhecido como
Almirante Negro. Durante esse movimento, uma esquadra composta por três
encouraçados chegou a voltar seus canhões em direção à cidade do Rio de
Janeiro.
Em seu
governo, Hermes da Fonseca utilizou-se das tropas federais para garantir a
política de intervenção nos estados, denominada "política das
salvações", apoiando os candidatos favoráveis ao governo central.
Em 12 de
setembro de 1912, foi deflagrada uma rebelião de caráter messiânico, na região
de litígio entre os atuais estados do Paraná e Santa Catarina, conhecida como
zona do Contestado. As tropas do governo do Paraná iniciaram o primeiro
confronto na cidade de Irani. Entre os 23 sertanejos mortos, estava o beato
José Maria, líder do movimento que pretendia fundar uma "monarquia
celestial" na região. Na área sob a sua influência não era aceita a
cobrança de impostos nem permitida a propriedade da terra. Após vários
conflitos armados, nos quais morreram cerca de vinte mil pessoas, a rebelião
foi liquidada em 1915, já no governo de Venceslau Brás.
Em 16 de
março de 1913, o governo assistiu, na capital federal, à manifestação de cerca
de dez mil pessoas contra a deportação de sindicalistas, em cumprimento à nova
lei que determinava a expulsão do país de estrangeiros envolvidos em greves. Em
maio, ocorreram manifestações operárias em vários estados. Em 8 de outubro, a
pedido do presidente, foi decretado o estado de sítio na capital federal, na
tentativa de conter a onda de greves e de controlar o movimento operário. Nesse
mesmo ano, em dezembro, Hermes da Fonseca decretou o estado de sítio no Ceará,
em decorrência da revolução em Juazeiro do Norte, movimento que se originou da
aliança formada entre o padre Cícero e os opositores ao governo de Franco
Rabelo, indicado pelo governo federal.
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