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Além da Inconfidência Mineira: conheça outras revoltas do período colonial



Além da Inconfidência Mineira: conheça outras revoltas do período colonial
No dia 21 de abril de 1792, Tiradentes foi enforcado no Rio de Janeiro. Atualmente lembrada como feriado nacional, a data se tornou símbolo da luta pela Independência do Brasil, embora as pretensões republicanas dos integrantes da Inconfidência Mineira tivessem limitações regionais. O sonhado futuro dos rebelados se passava pela República de Minas Gerais e não pela República do Brasil.
A Inconfidência Mineira não foi o único movimento do período colonial que aspirava a libertação do domínio da coroa portuguesa. Existiram outros, igualmente com propostas de emancipação regional. E além desses, a história registra ainda diversas revoltas que, embora não tenham se constituído com a intenção de proclamar a independência, almejaram autonomia para criação de normas locais ou questionaram medidas administrativas da metrópole e de autoridades regionais.
O Portal EBC levantou conteúdos que ajudam a explicar alguns desses episódios e contou também com a contribuição do professor Luciano Raposo Figueiredo, da Universidade Federal Fluminense, que disponibiliza mais informações em seu portal colaborativo Impressões Rebeldes.
CONFIRA:

Aclamação de Amador Bueno
O controle dos espanhóis sobre o território brasileiro, por ocasião da União Ibérica (1580 - 1640), coincidiu com um quadro de crise econômica. Uma das consequências foi a escassez de escravos, que acabava contornada com o apresamento de índios pelos bandeirantes paulistas. Nessa época, uma nova rota de comercialização de mão-de-obra indígena fora estabelecida para atender os colonos espanhóis da região do Prata. Com o fim da União Ibérica, a metrópole decidiu proibir a escravização de índios, com o objetivo de forçar os colonos a comprarem escravos africanos oferecidos pela administração colonial portuguesa. Inconformados, um grupo de bandeirantes paulistas resolveram organizar um levante. Eles convocaram o fazendeiro Amador Bueno para que liderasse a revolta e aceitasse assumir o posto de rei de São Paulo. Entretanto, Amador Bueno declinou a proposta e jurou fidelidade à monarquia portuguesa, o que enfraqueceu a movimentação.

Insurreição Pernambucana
Travando uma disputa territorial com a Espanha na região dos Países Baixos, a Holanda precisava expandir suas atividades marítimo-comercial e estabelecer novas fontes de recursos. A invasão de Pernambuco possibilitou iniciar um empreendimento voltado para exploração açucareira. Ao mesmo tempo, era uma forma de enfraquecer a economia espanhola que, devido à União Ibérica, lucrava com a administração colonial portuguesa. Sob o comando de Maurício de Nassau, a Holanda favorecia com empréstimos os senhores de engenho. Entretanto, os conflitos militares causaram o esgotamento dos cofres holandeses, o que levou a cobrança das dívidas. Descontentes, os senhores de engenho se rebelaram e formaram tropas luso-pernambucanas para expulsar os colonos da Holanda, travando lutas sangrentas como a Batalha dos Guararapes. Após a vitória sobre os holandeses, os pernambucanos esperavam estabelecer uma administração mais autônoma, mas foram novamente submetidos à rigidez das normas da coroa portuguesa.

Revolta da Cachaça
Com a produção de cana-de-açúcar em crise, os senhores de engenho precisaram criar alternativas para aumentar os seus lucros. Uma das medidas tomadas foi o aumento da produção de cachaça, o que não foi bem recebido pelos fazendeiros portugueses, que produziam uma bebida a partir do bagaço da uva: a bagaceira. Assim, os colonizadores proibiram o consumo de cachaça em 1635, como forma de garantir o monopólio do mercado. Mas as sucessivas tentativas de controle não prosperaram e o destilado derivado da cana continuou sendo distribuído através do mercado ilegal. A radicalização dos portugueses, que passaram a destruir alambiques, provocou uma insatisfação geral. Aproveitando-se da situação, o governador do Rio de Janeiro, Salvador Correia de Sá, liberou o consumo e, ao mesmo tempo, instituiu impostos abusivos sobre o produto. Um motim organizado por moradores da região de São Gonçalo do Amarante teve como consequência diversas mudanças no poder político local, até que o funcionamento dos alambiques foram finalmente regularizados.

Conjuração de "Nosso Pai"
A capitania de Pernambuco lutava para reconstruir Olinda e Recife, após a invasão da Holanda. Os senhores de engenho achavam que deveriam receber maiores reconhecimentos, uma vez que contribuíram para a expulsão dos holandeses. Queriam o direito de nomear o governador, o que não era admitido por Portugual. Nesse ambiente, o português Jerônimo de Mendonça Furtado assume o comando da capitania e se indispõe com os senhores de engenho. Insatisfeitos, os pernambucanos planejaram um golpe, no qual seria simulado um "Nosso Pai", rito católico onde os fiéis saem em procissão e visitam a casa dos enfermos. O governador tinha o hábito de acompanhar a procissão. O falso cortejo foi utilizado para levar Mendonça Furtado como prisioneiro e, posteriormente, ser colocado em um navio, em direção à Lisboa. Para apaziguar os ânimos, a coroa portuguesa nomeou como novo governador um brasileiro que já havia exercido o cargo anteriormente: André Vidal de Negreiros.

Revolta dos Beckman
A Companhia do Comércio do Maranhão, criada em 1682 para solucionar problemas de escoamento e abastecimento de produtos, detinha o monopólio na venda de escravos e mercadorias que vinham de outras regiões. Aos poucos, a insatisfação foi tomando conta da população, tendo em vista a baixa qualidade dos produtos, os altos preços e a insuficiência de escravos. Liderados pelos irmãos Tomás e Manuel Beckman, as elites maranhenses se revoltaram contra o monopólio da Companhia, depuseram o governo local e expulsaram os jesuítas. Em reação, Portugal enviou forças para reestabelecer a ordem e reconduziu as autoridades aos seus cargos. Manuel Beckman foi enviado à forca e seu irmão foi condenado ao desterro.

Guerra dos Emboabas
Entre os anos 1707 e 1709, bandeirantes paulistas manifestavam insatisfação com os intensos deslocamentos de contingentes em busca de ouro na região das Minas Gerais. Queriam o monopólio da exploração das minas, sob o argumento de que foram eles os descobridores. Sem acordo, os paulistas entraram em confronto com portugueses e imigrantes de outras regiões, também conhecidos como emboadas. Derrotados, os bandeirantes decidiram buscar metais preciosos em outros territórios e a Coroa Portuguesa assumiu o controle administrativo da exploração de ouro de Minas Gerais.
Animação inspirada na obra do artista Carybé. Produzida em 2009 por jovens participantes do Concurso de Quadrinhos, realizada pela Oficina F7 Filmes com recursos da Lei Estadual de Incentivo à Cultura.

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