Deodoro da
Fonseca
Como a
monarquia deu lugar à república no Brasil?
Como a monarquia (forma de governo na qual
um rei ou imperador exerce o poder, geralmente passado de pai para filho) deu
lugar à república (sistema de governo em que um ou vários indivíduos eleitos
pelo povo exercem o poder por tempo determinado) no Brasil? O Plenarinho conta
para você.
Dom Pedro I, que proclamou a independência
do Brasil em 1822, ficou no poder durante nove anos. Por pressões internas,
abriu mão de seu trono em favor de seu filho, que na época era apenas uma
criança, com 5 anos de idade. Lógico que com essa idade ele não poderia
governar o Brasil, né? Então, enquanto não podia assumir o poder, nosso país
foi governado por regentes. Em 1840, quando Dom Pedro II completou 14 anos, sua
maioridade foi antecipada e ele pôde assumir o cargo de imperador do Brasil.
Durante a maior parte do reinado de Dom
Pedro II, o Brasil viveu um momento de paz e organização na administração. Mas
com o passar do tempo, a monarquia começou a entrar em crise. Essa crise foi
gerada por um conjunto de fatores, tais quais: o movimento pelo fim da
escravidão, choques com a igreja, o movimento republicano e conflitos com o
exército. Vamos estudar cada um desses motivos para entender direitinho esse
processo.
Lei do
Ventre Livre
O primeiro grande motivo para a
proclamação da República foi a questão da escravidão. O império estava sendo
pressionado por outros países a libertar os negros cativos, e por esse motivo,
foi decretando leis que, na prática, não significavam grandes avanços, apenas
criavam expectativa para o fim da escravidão. Em 1871, D. Pedro II aprovou a
Lei do Ventre Livre, que determinava que todos os escravos nascidos a partir
daquela data seriam livres.
Na prática, essa lei não funcionou, pois
os escravos deveriam ficar nas fazendas até os 8 anos de idade, e depois disso
só seriam libertos se pagassem ao dono da fazenda uma indenização, e como quase
nunca conseguiam pagar, tinham de trabalhar como escravos até os 21 anos.
Lei
dos Sexagenários e Lei Áurea
Em 1885, veio a lei que libertava os
escravos com mais de 60 anos de idade. Essa lei praticamente não alterou em
nada a história, pois poucos escravos conseguiam atingir essa idade. Além
disso, um escravo com mais de 60 anos era prejuízo para o dono, pois já não
conseguia trabalhar. Outro motivo que acelerou o processo de abolição foi o
grande número de fugas de escravos. Apenas em 1888, a princesa Isabel,
governando o Brasil no lugar de seu pai, que estava viajando, assinou a Lei
Áurea, no dia 13 de maio, decretando a libertação de todos os escravos.
Desavenças
com a Igreja Católica
Outro fator que acelerou o desgaste do
Império foi um atrito com a Igreja Católica. Desde 1824, o estado era unido à
igreja através da constituição. A igreja no Brasil não estava diretamente
subordinada ao papa, mas sim ao imperador. Até então isso não tinha gerado
nenhum tipo de conflito, pois, além de não contrariar as resoluções do papa, o
imperador ainda ajudava nas finanças da igreja. Só que em 1864, o papa Pio IX
proibiu a permanência de membros da maçonaria na igreja. O imperador, por ser
membro da maçonaria e cercado de políticos que também eram maçons, rejeitou a
decisão do papa. O clero (corporação de padres) ficou dividido, sem saber a
quem obedecer. Os bispos de Olinda e Belém desobedeceram ao imperador e foram
fiéis ao papa. O imperador, então, processou os bispos e os condenou à prisão
com trabalhos forçados. Esse motivo levou a igreja a romper com o governo imperial.
Atrito
com os militares
O último grande motivo para a Proclamação
da República foi um atrito com os militares. O exército brasileiro havia lutado
e ganhado a guerra contra o Paraguai, tendo saído fortalecido da batalha. Mas
os militares não sentiram retribuição da parte do governo pelos esforços que
haviam prestado à nação. Com baixos salários, lentas promoções, pouco
investimento e quase nenhum reconhecimento, os militares passaram, então, a
assumir uma posição radicalmente contrária ao governo imperial, defendendo a
abolição da escravidão e o fim da monarquia.
Em 1888, Dom Pedro II ainda tentou se
manter no poder, nomeando como primeiro-ministro o visconde de Ouro Preto, que
lançou um projeto de grandes reformas políticas inspiradas nos ideais republicanos,
mas para tentar manter seus privilégios, o Parlamento recusou o projeto.
Diante desse fato, os republicanos
começaram a ver uma real possibilidade da proclamação da república, então,
espalharam boatos de que o governo iria prender importantes membros do
exército. A reação do exército foi imediata: no dia 14 de novembro à noite,
algumas unidades militares começaram a se rebelar. No dia seguinte, marcharam
em direção ao centro da cidade, sob o comando do Marechal Deodoro da Fonseca e
a inspiração do ativista político José do Patrocínio, para depor o imperador D.
Pedro II.
Foi o marechal Deodoro da Fonseca que, com
o apoio dos republicanos, demitiu o Conselho de Ministros e seu presidente e,
na noite do mesmo dia, assinou manifesto proclamando a República e instalando
um governo provisório. Em 18 de novembro, Dom Pedro II e a família imperial
partiram rumo a Europa. Os militares formaram um grupo para governar
provisoriamente o País, com Deodoro da Fonseca no cargo de presidente.
Desapareceu, assim, a única monarquia que ainda existia na América!
Na verdade, a população quase não
participou desse importante marco histórico. O povo praticamente só assistiu ao
movimento de tropas militares que colocou fim à monarquia. Salvo pequenos
incidentes, não houve reações importantes contra o acontecimento, nem grandes
manifestações populares de apoio à instalação da república.
Fonte: EBC
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