COP24: A conferência que começou no domingo passado (2), em Katowice, Polônia, vai até a próxima sexta-feira (14)
COP24 prevê intensa
semana de negociações em torno do Acordo de Paris
A
Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas deste ano (COP24) entra
na segunda semana de programação com a missão de concretizar as negociações que
podem definir as regras de implementação do Acordo de Paris. É nesta reta final
que chegam os ministros dos 195 países integrantes da convenção para as
reuniões de alto nível.
A
conferência que começou no domingo passado (2), em Katowice, Polônia, vai até a
próxima sexta-feira (14). Ao longo da última semana, foram divulgados durante o
evento vários estudos que apontam os riscos do aquecimento global para o meio
ambiente, para a saúde humana e o desenvolvimento da economia, principalmente
em regiões mais pobres com populações vulneráveis.
Os
cientistas alertam que as metas de limitar o aumento da temperatura global em
até 2º Celsius ºC ou o esforço de 1,5 ºC, como prevê o Acordo de Paris, só
serão alcançadas se os países adotarem de forma urgente medidas que reduzam de
forma significativa as emissões de gases de efeito estufa.
Um
dos levantamentos divulgados durante a COP24 aponta que até o fim deste ano as
emissões globais de carbono podem crescer até 3%, projeção considerada recorde
nos últimos anos.
Uso sustentável da
terra
Além
de aprofundar o debate em torno do chamado livro de regras para colocar as
metas do Acordo de Paris em prática, a delegação brasileira, formada por
integrantes dos ministérios das Relações Exteriores, Meio Ambientes, entre
outras pastas, deve apresentar os resultados das rodadas do chamado Diálogo de
Talanoa, momento em que cada nação compartilha as experiências positivas de
descarbonização.
Na
programação do Espaço Brasil, montado no local do evento, já ocorreram vários
debates com representantes da comunidade científica e de povos tradicionais,
como indígenas e quilombolas. Integrantes do governo brasileiro apresentaram as
medidas de proteção do Cerrado e de produção sustentável, além dos resultados
das ações de combate ao desmatamento ilegal em biomas como a Amazônia.
Para
esta semana, um dos temas que serão discutidos é a importância do uso da terra
para o desenvolvimento e a consolidação da agricultura sustentável no país.
Também devem ser discutidas estratégias de adaptação aos efeitos do aquecimento
global no Brasil e de proteção florestal aliadas ao desenvolvimento econômico e
social.
O
movimento Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, formado por mais de
200 especialistas e representantes de empresas do setor privado, de
organizações ambientais, do agronegócio e da academia discutirá as questões
apresentados no documento em que defendem uma nova visão sobre a agricultura e
a adoção de novos métodos de uso da terra para enfrentar os impactos das
mudanças climáticas.
No
relatório intitulado Visão 2030-2050: O Futuro das Florestas e da Agricultura
no Brasil, os integrantes do movimento ressaltam que a produção agropecuária
não deve mais ser vista em dissonância com a conservação ambiental ou com os
direitos dos povos e comunidades tradicionais, mas como parte da solução.
O
grupo justifica que o uso da terra tem papel central nas estratégias de
mitigação do aquecimento global. Baseados em projeções para os anos de 2030 e
2050, os pesquisadores destacam que somente com a proteção e recuperação da
natureza é possível garantir segurança alimentar e inclusão social.
Segundo
o relatório, apesar do desmatamento e a agropecuária ainda representarem cerca
de dois terços das emissões de carbono na atmosfera no Brasil, o país pode
reduzir o nível de emissões e aumentar a capacidade de capturar carbono se
adotar melhores práticas agropecuárias, de silvicultura e restauração
florestal.
O
plantio de florestas, o bom manejo dos pastos e sistemas integrados de lavoura,
pecuária e floreta poderiam reduzir em 10% as emissões de carbono pelo setor
agropecuário. As projeções fazem parte da última edição do Sistema de
Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG).
O
relatório da Coalizão Brasil também aponta que o uso sustentável da terra pode
aumentar a produtividade e resiliência brasileira diante do mercado global e
ainda melhorar a qualidade de vida da população nas próximas décadas.
O
movimento também destaca a importância de se trabalhar políticas públicas e
mecanismos que viabilizem as metas de conservação e recuperação das florestas.
Os pesquisadores ressaltam que manter a floresta em pé é bom para quem produz
no campo e que é preciso aplicar os instrumentos legais já dispostos pelo poder
público para evitar o crescimento do desmatamento ilegal.
Fonte: Agência Brasil
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