Cabanagem
Cabanagem (também conhecida como Guerra
dos Cabanos) foi uma revolta popular e social ocorrida durante o Império do
Brasil, influenciada pela revolução Francesa, na antiga Província do Grão-Pará,
que abrangia os atuais estados do Pará, Amazonas, Amapá, Roraima e Rondônia. A
revolta estendeu-se de janeiro de 1835 a 1840, comandada por Félix Clemente
Malcher, Antônio Vinagre, Francisco Pedro Vinagre, Eduardo Angelim e Vicente
Ferreira de Paula. Devido à extrema pobreza, fome e doenças, que marcaram o
início desse período, além do processo de independência do Brasil (1822) que
não ocorreu de imediato no Pará, e à irrelevância política à qual a província
foi relegada pelo príncipe regente Pedro I após a Independência, mantendo a forte
influência portuguesa, os índios e mestiços, na maioria, e integrantes da
classe média (cabanos) uniram-se contra o governo regencial nesta revolta. O
objetivo era aumentar a importância do seu território no governo central
brasileiro e enfrentar a questão da pobreza do povo da região, cuja maior parte
morava em cabanas de barro (de onde se originou o nome da revolta).
Nos antecedentes da revolta, havia uma
mobilização da província do Grão-Pará para expulsar forças reacionárias que
desejavam manter a região como colônia portuguesa. Muitos líderes locais da
elite fazendeira, ressentidos pela falta de participação política nas decisões
do governo brasileiro centralizador, também contribuíam com o clima de
insatisfação após a instalação do governo provincial.
A revolta teve início em 6 de janeiro de
1835 quando o quartel e o palácio do governo de Belém foram tomados por índios
tapuias, cabanos e negros, liderados por Antônio Vinagre. O então presidente da
província foi assassinado e instituiu-se um novo presidente, Clemente Malcher;
a tomada de poder promoveu uma apoderação de material bélico por parte dos
grupos revolucionários. Malcher, no entanto, mais identificado com as classes
dominantes, foi rapidamente deposto. Sucedeu-se um conflito entre as suas
tropas e as do líder dos cabanos, Eduardo Angelim, tendo estas saído
vitoriosas. O frágil e instável controle cabano do Grão-Pará durou cerca de dez
meses.
O império, então, nomeou por si um novo
presidente, o barão de Caçapava, e, frente a essa afronta às tendências
centralizadoras do governo central, bombardeou impiedosamente Belém. A
deposição dos cabanos do poder foi rápida, porém, como muitos deles, mesmo fora
do poder, continuaram a lutar, o império usou de seu poderio militar para
sufocar a revolta e, até 1840, promoveu um extermínio em massa da população
paraense. Estima-se que cerca de 30 a 40% da população de cem mil habitantes do
Grão-Pará tenha morrido no conflito.
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