Postagens recentes

10/recent/ticker-posts

O CONFLITO ENTRE ISRAEL E PALESTINA: DO ANO 0 AO FINAL DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL



O CONFLITO ENTRE ISRAEL E PALESTINA: DO ANO 0 AO FINAL DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
Escrito por Paulo Gorniak/Portal Politize
Você provavelmente ouve falar há muito tempo sobre o conflito entre Israel e Palestina – este embate dura décadas se se acirrou principalmente depois da Segunda Guerra Mundial. Mas por que os dois povos brigam? O que cada um alega para clamar para si o direito à região? E por que a solução parece estar tão distante? Recapitular os acontecimentos talvez seja a forma mais fácil (ou menos difícil) de tentar compreender as origens do conflito.
Nessa trilha o Politize! vai explicar a sucessão de acontecimentos entre esses povos desde o ano 0. Os conflitos, as tentativas de estabelecimento de paz e qual a visão de cada um deles sobre as disputas pelo território. Vamos lá?
PALESTINA: COMO ESSE NOME SURGIU?
Para facilitar, vamos começar nossa história no ano zero da era comum, ou o ano em que Jesus nasceu. Nessa época, a região onde viviam os judeus – o Reino de Israel – era dominada pelo Império Romano. No ano 70 d.C., os judeus se rebelaram e entraram em guerra contra Roma, mas foram derrotados e expulsos do território.
Por volta do ano 130, os judeus tentaram retomar o lugar e mais uma vez foram derrotados. O imperador romano Adriano, além de expulsá-los novamente, aplicou uma punição: rebatizou o lugar de Palestina, em homenagem aos filisteus, um dos principais inimigos dos judeus.
Ao longo dos próximos séculos, ainda sob domínio romano, todos os povos que moravam na região, independente da religião que seguiam, ficaram conhecidos como palestinos: havia os muçulmanos palestinos, os cristãos palestinos e até os poucos judeus que ficaram por ali eram conhecidos como judeus palestinos.
Depois da queda do Império Romano em 1453, a região foi passando por diversos domínios diferentes, e em 1516 foi conquistada pelo Império Turco-otomano, que ficou no controle da região até a Primeira Guerra Mundial.
SIONISMO E O RETORNO DOS JUDEUS
Os judeus se espalharam pelo mundo, inclusive pela Europa, mas não deixaram de ser perseguidos e hostilizados. Durante a Idade Média, por exemplo, os judeus viviam marginalizados e eram culpados por qualquer revés, como uma colheita perdida ou a chegada da peste. Na Europa oriental, os pogroms – linchamentos coletivos de judeus – eram frequentes.
Como resposta a essas perseguições, no fim do séc. XIX surge o movimento sionista, em que judeus defendiam que a melhor forma de ficarem seguros era criando um Estado judeu, um lar onde todos os judeus pudessem ser protegidos. Como para a religião judaica Israel havia sido prometida por direito divino, esse foi o lugar escolhido para a formação do Estado.
DECLARAÇÃO DE BALFOUR (1917)
Até esse momento, a região estava sob o domínio do Império Turco-Otomano. Em 1917, os britânicos fazem a Declaração de Balfour, na qual manifestam apoio à causa sionista e à criação de uma pátria para os judeus na Palestina. Esse apoio aconteceria caso a Inglaterra conseguisse derrotar o Império Turco-otomano e assumisse o controle do território. Na interpretação dos judeus, isso significava que haveria apoio na criação de um “lar nacional para os judeus”.
DOMÍNIO BRITÂNICO DA PALESTINA E O RETORNO DOS JUDEUS (1918)
Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), os britânicos ajudaram os árabes da Palestina a lutar contra o Império Turco-Otomano (os otomanos eram, no momento, um inimigo comum) e, ao fim da guerra, o local passou a ser parte do Império Britânico.
Até o final da primeira guerra, início do século XX, todos os povos que ali viviam – muçulmanos, judeus e cristãos – dividiam a região sem maiores conflitos. Como já explicamos, houve uma diáspora de judeus nos séculos anteriores, mas a partir do domínio britânico e da Declaração de Balfour, os judeus passam a retornar para a região.
Como reação, em 1919 é realizado o 1º Congresso Palestino, que se posiciona contra a imigração de judeus para a criação de um Estado. Importante ressaltar que a decisão é só contra a imigração de novos judeus, assegurando que os judeus que já vivem ali – os judeus palestinos – têm o direito de permanecer, “pois são irmãos”.
HAGANÁ: A FORÇA DE DEFESA DOS JUDEUS (1920)
As tensões entre judeus e palestinos continuam a crescer e, em 1920, um ano após o Congresso Palestino, vários líderes religiosos muçulmanos dão declarações, reforçando o repúdio à migração de judeus. Brigas, tumultos e linchamentos eclodem e vários muçulmanos e judeus morreram nos conflitos.
A partir desses episódios e alegando que os britânicos não conseguiam proteger nem um lado, nem outro, os judeus formam a sua própria força de defesa: a Haganá.
Durante a década de 1920 o Império Britânico passa a reconhecer entidades judaicas, mas não reconhece nenhuma entidade dos árabes palestinos. Isso piora muito a situação entre judeus e muçulmanos.
PONTO SEM VOLTA (1929)
Para alguns estudiosos, o ano de 1929 é o “point of no return” – o ano em que as coisas pioraram de vez e qualquer esperança de uma divisão pacífica do território foi perdida. Neste ano, um conflito entre judeus e muçulmanos sobre o acesso ao Muro das Lamentações gerou uma escalada de violência, que deixou centenas de mortos dos dois lados. Da noite para o dia os dois povos abandonam o conceito de “irmãos palestinos” dito uma década antes e se tornam inimigos mortais.
A ASCENÇÃO DE HITLER (1930)
Durante a década de 1930 em várias partes da Europa, mas principalmente na Alemanha com a ascensão de Hitler, a perseguição aos judeus se intensificou e, com isso, a migração de judeus para a Palestina aumentou consideravelmente. Para tentar frear a imigração, os britânicos estipularam quotas anuais e estabeleceram limites para aquisição de terras palestinas por judeus, mas essas iniciativas não deram resultado. Os muçulmanos viram a imigração como uma ameaça e as tensões continuaram aumentando.
Em 1936, um sheik árabe foi morto pela polícia britânica e isso fez explodir uma revolta nacionalista árabe, contra a imigração judaica em massa e o domínio colonial britânico.
Com argumentos de que os britânicos favoreciam os judeus e eram contra os árabes, foram organizados diversos protestos e uma greve geral. Esse levante foi duramente reprimido pelos britânicos, que receberam uma ajudinha dos judeus e da sua Haganá – organização paramilitar sionista – nos três anos de conflitos que se seguiram. Nesse período, cerca de 10% da população adulta masculina palestina foi morta ou exilada.
A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL E O HOLOCAUSTO (1939-1945)
Em 1939 começa a Segunda Guerra Mundial e, como sabemos, acontece um dos maiores crimes da História. O Holocausto foi a perseguição e eliminação em grande escala – como por exemplo, nos campos de concentração e de extermínio – dos judeus e outras etnias pelos alemães nazistas. Na Palestina, os árabes muçulmanos se aliam à Alemanha, pois tinham dois inimigos em comum: os judeus e, em menor escala, os britânicos.
No fim da guerra, os palestinos sofreram dois duros golpes: viram sua aliada Alemanha ser derrotada; e, devido ao Holocausto, a ideia da criação do Estado de Israel ganhou muita força dentro da comunidade internacional. Auxiliados principalmente pelos judeus dos Estados Unidos, os judeus europeus sobreviventes passaram a imigrar em massa para a região.
O lugar ainda estava sob domínio britânico e os ingleses adotaram outras medidas para tentar barrar a imigração dos judeus. Os judeus, por sua vez, criaram mais organizações paramilitares como a Haganá e começaram a fazer ações para ocupar o território e tornar Israel independente da Grã-Bretanha.
Fonte: Politize!

Postar um comentário

0 Comentários