GEOGRAFIA
NO ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS INICIAIS: UNIDADES TEMÁTICAS, OBJETOS DE
CONHECIMENTO E HABILIDADES
No contexto da aprendizagem do Ensino
Fundamental – Anos Iniciais, será necessário considerar o que as crianças
aprenderam na Educação Infantil.
Em seu cotidiano, por exemplo, elas
desenham familiares, enumeram relações de parentesco, reconhecem-se em fotos
(classificando-as como antigas ou recentes), guardam datas e fatos, sabem a
hora de dormir, de ir para a escola, negociam horários, fazem relatos orais,
revisitam o passado por meio de jogos, cantigas e brincadeiras ensinadas pelos
mais velhos, posicionam-se criticamente sobre determinadas situações, e tantos
outros.
Tendo por referência esses conhecimentos
das próprias crianças, o estudo da Geografia no Ensino Fundamental – Anos
Iniciais, em articulação com os saberes de outros componentes curriculares e áreas
de conhecimento, concorre para o processo de alfabetização e letramento e para
o desenvolvimento de diferentes raciocínios.
O estudo da Geografia permite atribuir
sentidos às dinâmicas das relações entre pessoas e grupos sociais, e desses com
a natureza, nas atividades de trabalho e lazer. É importante, na faixa etária associada
a essa fase do Ensino Fundamental, o desenvolvimento da capacidade de leitura
por meio de fotos, desenhos, plantas, maquetes e as mais diversas
representações. Assim, os alunos desenvolvem a percepção e o domínio do espaço.
Nessa fase, é fundamental que os alunos
consigam saber e responder algumas questões a respeito de si, das pessoas e dos
objetos: Onde se localiza? Por que se localiza? Como se distribui? Quais são as
características socioespaciais? Essas perguntas mobilizam as crianças a pensar
sobre a localização de objetos e das pessoas no mundo, permitindo que compreendam
seu lugar no mundo.
“Onde se localiza?” é uma indagação que as
leva a mobilizar o pensamento espacial e as informações geográficas para
interpretar as paisagens e compreender os fenômenos socioespaciais, tendo na alfabetização
cartográfica um importante encaminhamento.
“Por que se localiza?” permite a
orientação e a aplicação do pensamento espacial em diferentes lugares e escalas
de análise.
“Como se distribui?” é uma pergunta que
remete ao princípio geográfico de diferenciação espacial, que estimula os
alunos a entender o ordenamento territorial e a paisagem, estabelecendo
relações entre os conceitos principais da Geografia.
“Quais são as características
socioespaciais?” permite que reconheçam a dinâmica da natureza e a
interferência humana na superfície terrestre, conhecendo os lugares e
estabelecendo conexões entre eles, sejam locais, regionais ou mundiais, além de
contribuir para a percepção das temáticas ambientais.
A ênfase nos lugares de vivência, dada no
Ensino Fundamental – Anos Iniciais, oportuniza o desenvolvimento de noções de
pertencimento, localização, orientação e organização das experiências e
vivências em diferentes locais.
Essas noções são fundamentais para o trato
com os conhecimentos geográficos. Mas o aprendizado não deve ficar restrito
apenas aos lugares de vivência. Outros conceitos articuladores, como paisagem, região
e território, vão se integrando e ampliando as escalas de análise.
De maneira geral, na abordagem dos objetos
de conhecimento, é necessário garantir o estabelecimento de relações entre
conceitos e fatos que possibilitem o conhecimento da dinâmica do meio físico,
social, econômico e político. Dessa forma, deve-se garantir aos alunos a
compreensão das características naturais e culturais nas diferentes sociedades
e lugares do seu entorno, incluindo a noção espaço-tempo.
Assim, é imprescindível que os alunos
identifiquem a presença e a sociodiversidade de culturas indígenas,
afro-brasileiras, quilombolas, ciganas e dos demais povos e comunidades
tradicionais para compreender suas características socioculturais e suas
territorialidades. Do mesmo modo, é necessário que eles diferenciem os lugares
de vivência e compreendam a produção das paisagens e a inter-relação entre
elas, como o campo/cidade e o urbano/rural, no que tange aos aspectos
políticos, sociais, culturais, étnico-raciais e econômicos.
Essas aprendizagens servem de base para o
desenvolvimento de atitudes, procedimentos e elaborações conceituais que
potencializam o reconhecimento e a construção das identidades e a participação
em diferentes grupos sociais.
Esse processo de aprendizado abre caminhos
para práticas de estudo provocadoras e desafiadoras, em situações que estimulem
a curiosidade, a reflexão e o protagonismo. Pautadas na observação, nas
experiências diretas, no desenvolvimento de variadas formas de expressão,
registro e problematização, essas práticas envolvem, especialmente, o trabalho
de campo.
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